São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994 |
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Obra de Lampedusa teve duas versões
MARCO CHIARETTI
O livro é uma cuidadosa reconstituição histórica da Sicília no período do nascimento da Itália moderna, condensada em alguns episódios da vida e morte do príncipe Don Fabrizio Salina. A história se baseia em personagens reais, da família do autor, mas vai muito além disso. Certa vez, Lampedusa disse a um amigo que queria contar a 24 horas da vida de seu avô. Depois reconheceu que não queria escrever outro "Ulisses"". Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896-1957), duque de Palma e Montechiaro e príncipe de Lampedusa, pertencia a uma das mais aristocráticas famílias sicilianas. Nascido em Palermo, foi educado entre a ilha e Paris, criado por babás da Toscana -a província natal da língua italiana- e governantes estrangeiras. Mais tarde, lembraria da infância como um "terrestre paraíso perdido"". Na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi capturado pelos austríacos. Mandado para um campo de prisioneiros, conseguiu fugir. Terminou a guerra como oficial e continuou no exército até 1925. Não era fascista e afastou-se. Durante o regime comandado por Benito Mussolini (que durou de 1922 a 1943), viajou. Na Letônia, conheceu e casou-se (em 1932) com uma baronesa, Alexandra Wolff-Stomersee. Voltou a a alistar-se na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). O palácio da família foi destruído em 1943, e Lampedusa acabou hóspede de uns primos. Um deles, Lucio Piccolo, apresentou-o a alguns intelectuais famosos, entre eles o poeta Eugenio Montale e o escritor Giorgio Bassani. Em 1954, o silencioso e atento nobre siciliano participou de um encontro literário. Voltou para casa e criou "Il Gattopardo"", escrito entre 1955 e 1956. Segundo sua mulher, ele vinha pensando na história desde os anos 30. Morreu em Roma, em 1957. O texto, em uma versão datilografada feita em 1956, chegou às mãos de Bassani, que o publicou em 1958. O reconhecimento da obra foi imediato. Só em 1969 saiu uma edição "definitiva"", levando em conta outra versão da obra, escrita à mão pelo próprio Lampedusa em 1957, contendo a palavra "completo"" na primeira página. Mais tarde, quando o "caso Lampedusa"", seu sucesso póstumo, já era um fato, foram publicados um volume de contos (em 1961), e duas coleções de ensaios críticos, em 1971 e 1979. Texto Anterior: 'O Leopardo' chega em versão integral Próximo Texto: Biografia bate e sopra no mitológico 'menino prodígio' Yehudi Menuhin Índice |
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