São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994
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Tensão marca cúpula EUA-Japão

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Tensão marca cúpula EUA-Japão
Clinton e Hosokawa se reúnem em Washington sem perspectiva de acordo sobre comércio
O presidente dos EUA, Bill Clinton, e o primeiro-ministro do Japão, Morihiro Hosokawa, se reúnem hoje em Washington para discutir suas relações comerciais em ambiente de grave e rara tensão em encontros de cúpula de países aliados.
Ao final do encontro de hoje, esperava-se que EUA e Japão assinassem acordos para aumentar as importações japonesas de automóveis, autopeças, equipamento médico e instrumentos de telecomunicação americanos. Mas as negociações entre os técnicos dos dois países que preparavam os documentos a serem assinados por Clinton e Hosokawa fracassaram.
Ontem de manhã chegou a Washington o ministro das Relações Exteriores japonês, Tustomu Hata, enviado de surpresa por Hosokawa para tentar salvar a situação. Ele passou o dia com Mickey Kantor, responsável pelo comércio exterior dos EUA. As indicações no final da tarde eram de que nenhum avanço significativo havia sido obtido por eles.
O pano de fundo das divergências é o déficit comercial dos EUA com o Japão (US$ 60 bilhões em 1993). Os americanos acham que podem exigir dos japoneses a diminuição desse fosso com base no argumento de que os EUA têm provido a segurança do Japão desde 1945. Os japoneses concordam em princípio com a tese, mas, na prática, o déficit entre os dois países só faz aumentar.
A razão específica da discórdia é o desejo dos EUA de fixar metas numéricas para medir o aumento das importações japonesas. O Japão diz que essa técnica é "irracional" e fere os princípios da economia de livre mercado que os EUA dizem defender.
Frustração
Frases diplomáticas foram substituídas por expressões fortes e diretas das autoridades americanas e japonesas esta semana. "Vamos esperar por um acordo que preveja mensurações até que o inferno congele", disse o subsecretário do Tesouro dos EUA, Roger Altman. "Qualquer negociação séria exige compromissos dos dois lados", respondeu o embaixador do Japão em Washington, Takkazu Kuriyama.
Em julho, Clinton e o antecessor de Hosokawa, Kiichi Miyazawa, acertaram que o presidente americano e o premiê japonês deveriam se encontrar a cada seis meses para aperfeiçoar as relações comerciais dos dois países. Mas a cúpula de hoje pode terminar com a frustração dessa expectativa.

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