São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Campeãs tiveram ajuda do bicho

DA SUCURSAL DO RIO

A prisão dos principais bicheiros do Rio afetou de modo desigual o fluxo de dinheiro de contraventores para algumas escolas de samba. As três escolas mais bem classificadas –Imperatriz, Salgueiro e Viradouro– receberam normalmente o apoio de seus patronos. Outras, como a Mocidade e a Estácio, tiveram que se contentar com seus próprios recursos.
A Viradouro foi beneficiada pelo fato de seu presidente e patrono, José Carlos Monassa, estar em liberdade –ele não foi incluído no processo em que 14 bicheiros foram condenados. O patrono da Imperatriz, "Luizinho" Drummond, chegou a ser homenageado com um "Parabéns pra Você" cantado na concentração. Ele fez aniversário no dia em que a escola desfilou. Mesmo na prisão, Drummond manteve o controle da escola, agora presidida por seu filho, o vereador Marcos Drummond (PL).
A situação no Salgueiro foi mais complicada, já que seus dois patronos –Waldemiro Garcia, o "Miro", e seu filho, Waldemir Paes Garcia, o "Maninho" –passaram o Carnaval na cadeia. Ambos, porém, não deixaram de garantir o luxo da escola. O vice-presidente do Salgueiro, Paulo César Mangano, não esqueceu de agradecer o apoio: na concentração, citou os nomes dos patronos e conclamou a escola a conquistar o bicampeonato em homenagem a eles. Outro homenageado foi Aniz Abrãao David, o "Anísio" –milhares de cópias de carta escrita por ele foram distribuídas aos integrantes da Beija-Flor.
José Petrus, o "Zinho", patrono da Estácio, que também está preso, pediu de volta os US$ 50 mil que havia adiantado à escola. Outro histórico patrono, Castor de Andrade, da Mocidade, foi menos generoso que nos anos anteriores. Em entrevista à Folha ele negou que continuasse a colaborar com a escola. A informação era confirmada no barracão da Mocidade.
Coincidência ou não, as duas escolas sofreram quedas significativas em relação a Carnavais anteriores: a Mocidade, segunda colocada em 92 e quarta no ano passado, chegou em oitavo; a Estácio, campeã em 92 e sexta em 93, acabou em décimo-terceiro.
Luizinho Drummond, patrono da Imperatriz, teve que comemorar sozinho a vitória. Ele está preso na penitenciária Vieira Ferreira Neto, em Niterói, e a direção do presídio não deixou que seus filhos entrassem na cadeia porque ontem não era dia de visitas.

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