São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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Mauro Benevides defende divulgação de fitas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Mauro Benevides (PMDB-CE) defendeu ontem que todas as gravações de sessões reservadas da CPI do Orçamento sejam tornadas públicas. O ex-presidente do Congresso fez um discurso no plenário do Senado a favor de seu filho, o deputado Carlos Benevides (PMDB-CE), acusado de falta de decoro pela CPI. O senador Jarbas Passarinho (PPR-PA), que ocupou o cargo de presidente da comissão, não vê problemas na divulgação das fitas. "Não fizemos nada com o intuito de nos acobertar", afirmou.
Desde a semana passada, vários congressistas estão recebendo cópias de fitas e de notas taquigráficas de uma sessão reservada da CPI realizada no dia 22 de dezembro. Nesta reunião se decidiu que Carlos Benevides deveria depor em plenário. As fitas estão sendo distribuídas como uma suposta prova de que a inclusão do nome do parlamentar no relatório final da CPI foi uma decisão política.
Mauro Benevides admitiu à Folha que auxilou o filho a obter as fitas. Para o relator da CPI, deputado Roberto Magalhães (PFL-PE), as gravações não mostram nada de errado. "Eu apenas dei publicidade na reunião das pressões que estava sofrendo para não convocar Carlos Benevides", disse. "Quando esse fato passar, vou querer a fita para mostrar aos meus filhos que eu fui 'peitado' e reagi."
O presidente do Congresso, Humberto Lucena (PMDB-PB), já disse que vai abrir na próxima semana uma sindicância para apurar o vazamento da fita. Em seu discurso ontem, Mauro Benevides considerou "inusitada" a preocupação. Segundo ele, a gravação "serve apenas como razoável peça de defesa."
Para o senador, "muito mais importante" é descobrir porque o relatório final da CPI afirmou que a movimentação bancária de Carlos Benevides foi de US$ 2,3 bilhões, quando na verdade seria de CR$ 2,3 bilhões. "Ninguém assumiu o ônus desta perversa autoria", disse. Tanto Magalhães como Passarinho já admitiram que houve um equívoco, fruto de um erro de digitação. "Não dá para pensar em fraude, porque nem o empresário Antonio Ermírio de Moraes tem uma movimentação bancária de US$ 2 bilhões", argumentou Magalhães.

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