São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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'Decameron' resume espírito de uma época

MARCO CHIARETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Espetáculo: "Decameron"
Autor: Giovanni Boccaccio
Adaptação: Adriane Mottola e Luiz
Henrique Palese
Direção: Luiz Henrique Palese
Quando: Estréia hoje, às 21h; quartas
a sextas, às 21h, domingos, às 19h
Temporada: Até dia 13 de março
Onde: Sala Gil Vicente, do teatro Ruth
Escobar (rua dos Ingleses, 209; tel.
011-2892358)
Quanto: CR$ 1,5 mil (quartas) e CR$
2,4 mil
Duração: 70 min
Elenco: Adriane Mottola, Angélica
Borges, Luiz Henrique Palese e Roberto Oliveira
Sinopse: Um grupo de atores chega a
Florença durante a peste de 1348, e
encenam sete histórias que celebram a
alegria de viver

Giovanni Boccaccio (1313- 375) era filho -ilegítimo- de um comerciante de Florença. O pai queria que ele continuasse os negócios. O filho preferiu ser escritor. Virou um dos criadores da língua italiana, autor de várias obras-primas. Entre elas, "Decameron", uma coleção de cem histórias picantes, sensuais, eróticas, alegres. Uma companhia gaúcha, a Cia. Teatro di Stravaganza, traz uma adaptação da obra de Boccaccio, que já fez sucesso em Porto Alegre, Florianópolis e no Rio. A
peça é falada em italiano.
O diretor e adaptador (junto com Adriane Mottola) do texto original é Luís Henrique Palese, 35, com uma carreira de 15 anos no teatro. Começou como cenógrafo. A companhia tem seis anos e montou várias peças infanto-juvenis. Palese diz que a companhia "procurou escolher as histórias mais picantes, sensuais, do livro", mas que o alvo principal era a ação dramática. "Acho que estas sete histórias, entre as quase 20 que escolhemos no início, são as que têm mais ação, e menos ênfase no falar sobre o palco".
Palese diz que o espetáculo foi bem recebido, apesar de ser em italiano. "Acho que conseguimos nos fazer entender em outra língua; quando adaptamos o texto original, escrito em um italiano arcaico, mantivemos certas expressões da época, mas também tentamos uma 'modernização', inclusive escolhendo algumas palavras mais próximas do português".
O palco é tomado por uma carroça, o chamado "carro de Téspis", uma tradição das companhias medievais, que usavam o carro, cheio de portas e partes móveis para montar seus espetáculos nas cidades onde passavam. Na montagem, os quatro atores interpretam uma dessas companhias, que chega a Florença durante a peste que assolou a Europa em 1348, e começam a contar histórias que enfatizam a alegria de viver, a sensualidade e o erotismo.
O "Decameron" já sofreu muitas adaptações, uma delas realizada em 1971 pelo crítico, poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (1922 - 1975). A montagem brasileira traz algumas das histórias filmadas por Pasolini, entre elas "Caterina com o 'rouxinol na mão' " e "O 'mudo' no convento de freiras". A versão dirigida por Palese tem mais cinco histórias: "A peste", "O feitiço que transforma uma bela jovem em égua", "Servir a Deus é mandar o diabo ao inferno", "O amante no barril" e "Casais muito, muito amigos".

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