São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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Escândalo Whitewater vai a júri

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Enquanto o presidente dos EUA, Bil Clinton, reclamava dos custos de sua investigação, o procurador especial do caso Whitewater, Robert Fiske, anunciou ontem as primeiras medidas para apurar irregularidades eventualmente cometidas pela construtora que pertenceu ao casal Clinton até 1992 e suas ligações com um banco de poupança falido em 1989.
Fiske disse que seu trabalho vai durar pelo menos 18 meses, envolver o exame de 1 milhão de documentos e contar com a colaboração de 20 pessoas. Ele pediu e obteve a constituição de um tribunal do júri especial para o caso, que vai ser sediado em Little Rock, Arkansas, Estado do sudoeste dos EUA que Clinton governou durante 12 anos, entre 1979 e 1992.
O presidente afirmou ontem que a investigação de Fiske vai "custar milhões de dólares aos contribuintes" e que "a maior parte dela não tem nada a ver comigo". Ele disse ter concordado com a nomeação de um procurador especial para "não ter que ficar mexendo com isso o tempo todo" e que não está "mais perdendo tempo com o assunto".
Clinton e sua mulher, Hillary, se associaram em 1978 ao banqueiro James McDougal e a mulher dele, Susan, para constituírem a Whitewater Development Corporation, que até agora só desenvolveu um projeto imobiliário –fracassado, mas que movimentou milhares de dólares. Há suspeitas de que ela servia de fachada para financiar as campanhas eleitorais de Clinton.
Fiske anunciou o nome da primeira pessoa a ser processada por ele: David Hale, nomeado pelo então governador Clinton para chefiar uma agência de auxílio a pequenas empresas que em 1986 concedeu empréstimo de US$ 300 mil a Susan McDougal, na época sócia do marido num dos mais rentáveis bancos de poupança do Arkansas. Parte desse dinheiro foi parar na Whitewater. Hale diz ter sido forçado por Clinton a fazer o empréstimo a McDougal.
O promotor especial também disse ter intimado o escritório de advocacia Rose, do qual Hillary Clinton foi associada, a entregar milhares de documentos sobre a Whitewater e outros assuntos referentes à associação entre os Clinton e os McDougal. Hillary Clinton representou empresas de McDougal em ações junto aos governos de Arkansas e dos EUA.
Entre as determinações de Fiske à firma Rose está uma advertência para que não sejam destruídos documentos sobre esses temas. Funcionários do escritório disseram ao jornal "The Washington Times" que isso já ocorreu. Além de Hillary, outros atuais altos funcionários do governo federal também foram sócios da Rose, assim como Vincent Foster, assessor de Clinton e procurador do casal junto à Whitewater, que se suicidiou em julho de 1993.
Clinton disse ontem estar "surpeendido" com as "distorções" a seu ver feitas por jornalistas que lidam com o caso Whitewater. "Tudo isso foi um negócio simples e limpo, como as investigações vão acabar provando", afirmou ele a uma rádio de Arkansas.

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