São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Governo vai propor corte nas estatais

MÔNICA IZAGUIRRE; SUSI AISSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Até o final da próxima semana o governo deverá enviar ao Congresso uma emenda ao Orçamento deste ano, propondo cortes nos investimentos das empresas estatais. O texto da emenda está sendo elaborado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, devendo estar concluído até a próxima terça-feira, no mais tardar.
Segundo o secretário-executivo do Planejamento, Raul Jungmann, a redução é necessária, uma vez que, com o corte de 43% nas outras operações oficiais de crédito no Orçamento deste ano, o governo não teria como bancar eventuais custos provocados pela manutenção dos atuais níveis de investimento.
Ontem Jungmann reuniu-se com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Clóvis Carvalho, e com o secretário de Política Econômica, Winston Fritsch, para discutir o assunto. O governo entende que os investimentos das estatais podem provocar aumentos das tarifas, pressionando a inflação. Além disso, a contratação de empréstimos externos pelas estatais para fazer frente a seus investimentos exigiria avais ou mesmo a contrapartida da União.
O volume de investimentos originalmente proposto ao Congresso em relação às empresas estatais era de US$ 10,48 bilhões. Na revisão do Orçamento encaminhada no início de dezembro passado, o governo cortou, em despesas de custeio e investimento, aproxidamente US$ 20 bilhões do projeto de Orçamento da União para 1994. O corte só atingiu, porém, dois dos três segmentos do Orçamento: o chamado Orçamento Fiscal, onde se inclui a administração direta, e o Orçamento da Seguridade Social.
A parte do projeto referente ao Orçamento de Investimentos das Estatais ficou inalterada. Foi mantida a proposta de US$ 10,48 milhões para o conjunto das empresas estatais.
Embora os números ainda não estejam fechados (faltam informações sobre algumas empresas), o volume de investimentos efetivamente executado em 1993 deve fechar pouco acima de US$ 8 bilhões. A manutenção da atual proposta para 1994 significaria, portanto, um aumento real de aproxidamente 25% em relação ao executado em 1993.
Embora decidida a sugerir o corte ao presidente da República, a equipe econômica ainda não definiu o percentual de redução a ser apresentado. Os estudos ainda são preliminares.
Tampouco estava definido até ontem se o corte seria proposto na forma de revisão do projeto que já tramita no Congresso ou se na forma de novo projeto de lei, após a aprovação do Orçamento já encaminhado.
Caso a proposta da Fazenda e Planejamento seja encampada pelo presidente da República, o corte não deverá atingir a Petrobrás. Motivo: o contrato de gestão assinado no mês passado entre governo e a empresa, dando à estatal mais autonomia.

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