São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Moradores são contra paralisação da obra

VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

As pessoas que moram ou trabalham na região próxima às obras do túnel das avenidas Juscelino Kubitschek e Antonio Joaquim de Moura Andrade não aprovam a decisão da Justiça de parar as obras. Segundo eles, o aumento do atraso da conclusão do túnel vai aumentar também os prejuízos que estão tendo devido ao barulho, bloqueio de trânsito e até insegurança provocados pelos trabalhos na passagem sob a avenida Santo Amaro.
Aixa Arenas, moradora de um edifício próximo à cratera, ficou decepcionada com a decisão liminar da juíza. "Nao é possível. Já perdi dois carros por causa dessas obras, não consigo dormir direito por causa do barulho e nem posso convidar mais ninguém para vir em casa –as pessoas não têm onde parar o carro", diz.
Aixa perdeu um carro na enchente do dia 30 de janeiro, quando foi reaberta a cratera. A água invadiu a garagem do seu prédio. Ainda não foi provada a ligação entre as obras e a enchente, mas as empresas responsáveis pela obra estão negociando indenizações com os moradores. O outro carro, Aixa diz que perdeu em um assalto, quando pegava um desvio escuro para chegar até sua casa. Todos os moradores do prédio, segundo Aixa, decidiram em reunião na semana retrasada que seriam contrários ao embargo.
Cecília Midori, que mora em frente ao local da cratera, diz que quer que as obras "terminem o mais rápido possível". "Não tenho mais acesso direto à minha casa, tenho que dar voltas. É um inferno", diz Cecília.
Renato Prado Dzik, engenheiro civil, morador da rua Januário Miraglia, a mais afetada pela enchente do dia 30 de janeiro, também é contra a paralisação. "Fizemos uma reunião com a construtora e definimos que eles dariam prioridade à obra da galeria, o que já está sendo feito e é fundamental para evitar as enchentes", diz Dzik. Apesar de ser técnico da área, Dzik diz que é consenso entre os engenheiros de túneis que os perigos em obras desse tipo surgem quando as obras são paralisadas.
O arquiteto Flávio Marcondes, que teve seu escritório na rua Januário Miraglia invadido pela água na enchente, é favorável ao embargo. "Se a juíza pediu a continuidade das obras da galeria do córrego, tudo bem. Isso é o que mais importa para os moradores". (VTF)

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