São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Fome ameaça 800 mil moradores de Cabul

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Pelo menos 800 mil pessoas podem passar fome em Cabul se o bloqueio à cidade não for levantado, disse ontem Peter Stocker, chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para o Afeganistão. Segundo Stocker, no início desta semana grupos que controlam a principal via de acesso à capital afegã impuseram o bloqueio contra a cidade.
Cerca de 900 pessoas morreram e 10.500 ficaram feridas nos últimos combates em Cabul, segundo a Cruz Vermelha. Esses números se referem apenas a vítimas levadas aos hospitais da cidade. No leste do país, em Jalalabad, mais de 63 mil pessoas se refugiaram no campo de Sar Shani.
Até 1992, Cabul tinha cerca de 1,4 milhão de habitantes. A Cruz Vermelha divide as pessoas que podem ser atingidas pela fome em três grupos. No primeiro estão mais de 50 mil desabrigados pela guerra que estão em escolas e outros prédios do governo. Entre 300 mil e 400 mil pessoas, também classificadas como desabrigadas, estão hospedadas em casas de outras famílias. Cerca de 400 mil pessoas ainda permanecem em suas casas, mas correm o risco de passar fome.
A falta de combustível e eletricidade tem feito aumentar o número de doenças provocadas pelo frio em Cabul, disse Stocker. A Cruz Vermelha informou ter estoques de comida em Jalalabad e no Paquistão, mas que, por causa do bloqueio, não pode transportá-los para Cabul.
Desde junho de 1992 a capital afegã sofre bombardeio nos combates entre partidários do presidente Burhanuddin Rabbani e de Gulbuddin Hekmatyar, líder de um grupo fundamentalista islâmico.
Os fundamentalistas islâmicos e outros grupos de oposição combateram a ocupação soviética, de 1979 a 1989. Em 1992, os rebeldes tomaram o poder, mas grupos rivais continuaram brigando entre si. Entre 1979 e 1992, morreram 2 milhões de afegãos e 6 milhões deixaram o país.

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