São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Pra frente, Brasil

Passado o Carnaval, o Brasil começa a se preparar para a outra das grandes paixões populares, o futebol. Em ano de Copa do Mundo, com ou sem inflação, parte substancial das paixões fica reservada para a seleção brasileira.
O que aguça as emoções, este ano, é o fato de que o Brasil está há cinco Copas consecutivas (24 anos) sem ganhar título algum. Por isso mesmo, boa parte das discussões está centrada em como armar a equipe para sair do jejum.
Cresce, em consequência, a receptividade para teses favoráveis a uma escalação mais ousada do que a que o técnico Carlos Alberto Parreira utilizou durante as eliminatórias. O ex-jogador Pelé, pela enorme visibilidade que tem, parece ter dado a largada para essa discussão, ao sugerir que a seleção utilize três atacantes em vez de dois, como foi a característica da equipe até agora.
Há quem seja ainda mais ousado, como Matinas Suzuki Jr., que, em sua coluna no caderno de Esportes desta Folha, insiste em que o time deve atuar com cinco atacantes.
A lógica conjuntural favorece amplamente teses agressivas. Parece evidente que a atual geração de jogadores brasileiros é muito mais rica em atacantes do que em meio-campistas, tanto em quantidade como em qualidade. Logo, o natural é aproveitar o que, no jargão econômico, seria chamado de "vantagem comparativa": se há mais atacantes de qualidade do que meio-campistas, que joguem, portanto, mais atacantes.
A favor dessa teoria pesa ainda outra característica do torcedor brasileiro. A maioria quer, não apenas a vitória da seleção, mas também espetáculo, o que só se consegue quando a bola fica mais tempo na área do adversário do que no meio-campo ou na área brasileira.
Seja qual for o número de atacantes que se escalem (três, quatro ou cinco), o fato é que há um razoável consenso entre os torcedores: ninguém suportaria passar, na Copa, pelo mesmo sofrimento que se passou durante as eliminatórias.

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