São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Lula diz que não acredita na candidatura Britto

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ROSÁRIO DO SUL

O virtual candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que não acredita que o ex-ministro Antônio Britto (RS) vença o ex-governador Orestes Quércia (SP) na convenção que escolherá o candidato ao Palácio do Planalto pelo PMDB, o maior partido do país.
"O Britto dificilmente consegue derrotar Quércia e a máquina do PMDB", disse Lula, que está percorrendo o interior do Rio Grande do Sul com a "Caravana da Cidadania". Quércia tem dito que disputará a convenção do PMDB, enquanto Britto declara que concorrerá ao governo gaúcho.
Lula declarou também que uma aliança com o PSDB não depende mais do PT, que já demonstrou o desejo de selar um acordo com os tucanos. Ele afirmou que respeita uma eventual decisão do PSDB de lançar candidato próprio, mas não acredita que o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, consiga chegar ao segundo turno.
O presidente do PT declarou também que até o fim da "Caravana", no início de março, ele não falará mais sobre o impasse entre a Executiva Nacional e a bancada do partido na Câmara dos Deputados sobre a participação na revisão: "Só discuto a questão quando voltar a São Paulo, em outra reunião da Executiva", afirmou Lula.
O líder do PT na Câmara, José Fortunatti (RS), que está acompanhando Lula, disse acreditar que o empate na votação da Executiva libera a bancada para participar da revisão constitucional. Afirmou porém que a obstrução será mantida. O líder disse que defenderá que, além de seguir não votando, a bancada deixe de participar de "qualquer negociação" sobre a revisão enquanto perdurar a atual posição do partido.
Fortunatti disse que a Executiva tratou os deputados como "incapazes" para analisar a revisão. "A bancada perdeu a legitimidade para fazer qualquer tipo de negociação", declarou. Ele recomendará a bancada que "aguarde pacientemente" a reunião do Diretório Nacional do PT, em 5 e 6 de março. Mas ele acha provável que o diretório mantenha o boicote à revisão e afirmou que, se o diretório "entender que minha liderança está sendo de forma inadequada, que me substitua".
Anteontem, Lula participou de uma ato de repúdio contra a forma como vem sendo conduzido o Mercosul na cidade de Santana do Livramento (RS). Lula e os demais oradores criticaram a ênfase comercial do Mercosul e o desprezo do intercâmbio social e cultural. Segundo a PM, 1.500 mil pessoas assistiram ao ato.

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