São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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'Amiga' de Lílian diz ter sido agenciadora

CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Rosana Carrijo considera-se uma das "melhores amigas" da modelo Lílian Ramos. Em 1986, quando Lílian foi capa da revista "Playboy", Rosana chegou a agenciar para ela uma série de desfiles em sua boate. Agora, Rosana mantém um restaurante na zona sul de São Paulo, mas ainda acompanha o "frisson" das agências de modelos. "Algumas agências arrumam programas com políticos e empresários, que pagam até US$ 10 mil, em dinheiro, por uma noite com as modelos", revela Rosana Carrijo. Leia abaixo o que ela disse à Folha durante entrevista em seu restaurante:
Folha - O que acontece nessas agências de modelo?
Carrijo - Depois que eles têm liberdade com a garota, falam: "Olha, tem cliente que também quer sair e fazer programas (sexo)". Tem muitas que aceitam, e muitas que não aceitam.
Folha - Por que isso acontece?
Carrijo - Veja, para uma menina fazer uma feira ou convenção, vai receber US$ 50 ou no máximo US$ 100 por dia. Já com uma proposta de US$ 3 mil... Se a mulher topa e o cara está a fim, não tem preço para ele pagar. Quem paga são empresários com muita grana, políticos principalmente.
Folha - Qual o preço, US$ 3 mil por uma noite?
Carrijo - Não, US$ 3 mil por um tempo, umas três ou quatro, no máximo. Esse dinheiro é pago para a agência, que leva uma porcentagem. Eu já tive boate, mas desisti, porque mexer com mulher dá muita dor de cabeça, entendeu?. Na minha boate levei várias mulheres, inclusive capas da "Playboy".
Folha - Qual o esquema dessas agências?
Carrijo - Hoje uma agência está ficando com 40 ou 50% do programa. Há umas mil agências dessas por aí... Pelo menos 30% das modelos fazem programa (sexo).
Folha - Quando uma modelo começa, ela já sabe dos "programas"?
Carrijo - Isso é bom para a agência, elas faturam em cima disso. Não todas as agências, mas a maior parte faz esse tipo de negócio. Quando eu levava a Lílian Ramos na minha boate, por exemplo, a casa ficava lotada.
Folha - Quase sempre há sexo com as modelos?
Carrijo - Em quase todas as convenções, a finalidade é essa, se não eles pegariam para trabalhar apenas pessoas eficientes, e não apenas pela beleza.
Folha - Quanto custa numa agência um "programa" com uma modelo bem conceituada?
Carrijo - Tem de US$ 3 mil, US$ 5 mil, US$ 6 mil, US$ 10 mil. Um amigo meu, por exemplo, ofereceu US$ 20 mil e mais um Tempra para uma modelo ficar com ele quatro dias em Paris. Tem modelo que aceita isso por US$ 5 mil, ou US$ 1 mil por dia, depende da necessidade.
Folha - Por que acontece isso?
Carrijo - É uma vaidade masculina. Mas o pagamento só é aceito em dólar, só verdes. Eu acho que a maior parte das agências é para convenções políticas. Essa agências só levam esse nome na fachada. Elas só trabalham com Brasília. Lá os caras pagam o que querem, o dinheiro é fácil para eles... É normal o cara estar em Brasília, precisar de dez modelos e ligar para uma agência. Isso é comum, isso é o dia-a-dia. Logo isso é dito para quem começa na carreira. Há mil agências de modelos, mas só 50% são sérias.

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