São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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'Ladies' revelam prostituição chique

CLÁUDIO JULIO TOGNOLLI; ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

O encontro entre o presidente Itamar Franco e a modelo Lílian Ramos na madrugada de segunda-feira no Sambódromo do Rio trouxe à tona o assunto da prostituição de mulheres famosas. Nos últimos dias, a imprensa noticiou que Lílian, ex-capa da revista "Playboy", figura em catálogos de agências que oferecem garotas de programa.
Lílian está fugindo dos repórteres e não comentou o assunto. Duas mulheres, envolvidas com prostituição de "famosas", falaram à Folha e revelaram que fazendeiros, políticos, artistas e empresários pagam até US$ 5 mil para passar uma noite com modelos e atrizes. As agenciadoras são também conhecidas como "ladies".
Rosana Carrijo, 35, ex-modelo, ex-proprietária da boate Poison e atual dona de um restaurante em São Paulo, afirma que trabalhou como agenciadora e que tem um amigo que ofereceu US$ 5 mil e um Tempra para uma modelo passar quatro dias com ele em Paris.
Ela diz que o dinheiro é pago para as agências, que ficam com 40% ou 50% do valor cobrado. Segundo ela, quando os responsáveis pelas agências têm mais liberdade com as modelos, falam: "Olha, tem um cliente que quer também sair e fazer programas". "Tem algumas que aceitam. Outras, não", afirma Rosana.
Anastassia, pseudônimo criado por uma mulher de 37 anos que afirma agenciar modelos em São Paulo, diz que trabalha das 10h às 23h em um escritório no centro, onde em três telefones marca encontros entre os clientes e "modelos e atrizes". Ela afirma ser muito conhecida e que nunca procura as mulheres. "Elas é que me pedem ajuda", afirma. Anastassia diz trabalhar sozinha porque é muito inseguro nesse negócio contratar alguém.
Modelos como Claudia Ferrabraz e Paula Bola afirmam que prostituitas e modelos são profissionais diferentes. "Essas mulheres se autodenomimam modelos sem nunca terem sido", diz Paula Bola.

LEIA MAIS
Sobre LÍlian Ramos nas págs. 1-14 e 1-15, e sobre prostituição na pág. 4-6.

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