São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Lei protege área verde de Curitiba

THOMAS TRAUMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Lei protege àrea verde de Curitiba
Cortar uma das 140 mil arvores de Curitiba leva pelo menos duas semanas. O pedido, por escrito, só é atendido depois de uma vistoria de técnicos da Secretaria do Meio Ambiente, que pode recusar a autorização. Há um telefone para receber denúncias de cortes irregulares e a multa para a derrubada de uma arvore particular é de CR$ 20 mil.
Regras como esta permitem que Curitiba tenha um índice de 52 metros quadrados de área verde para cada um de seus 1, 4 milhões de habitantes -índice quatro vezes maior que o mínimo recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os 1.115 bosques cadastrados ocupam 15, 06% da área da cidade. Cerca de mil multas são expedidas ao ano por cortes irregulares. "Em uma cidade normal, o dono de uma área de bosque não aceitaria ter que pedir autorização para cortar uma árvore. Ele cortaria do mesmo jeito e depois arranjaria um advogado. Curitiba mantém uma grande área verde porque a população apóia o rigor da lei", disse Francisco Carlos Nogueira, assessor de Meio Ambiente da Prefeitura.
Não é só a burocracia e as multas que mantém o verde na cidade. Donos de bosques têm descontos de 30% a 80% no pagamento do IPTU, desde que preservem pelo menos 70% das plantas nativas. Cerca de 20 mil crianças da rede municipal têm no currículo aulas de educação ambiental.
LIXO
Segundo pesquisa da Prefeitura, 70% da população participa do Programa de Reciclagem de Lixo (chamado de "o lixo que não é lixo"). O projeto é pioneiro no país e recebeu prêmio da ONU em 1990 como "exemplo de atitude ambientalmente correta". Das 1.900 toneladas de lixo coletadas por dia, metade é reciclável (papelão, vidro, papel, latas e plástico).
Caminhões de lixo reciclável passam duas vezes por semana na maior parte da cidade. A maioria dos edificios tem latões separados para o lixo reciclado e 36 funcionários municipais fazem a triagem do que é coletado para revender parte do material.
O "lixo que não é lixo" criou um mercado próprio na cidade. Cerca de 3.500 pessoas ganham entre um e 1, 5 salário mínimo catando lixo reciclado para depósitos. Pesquisa oficial aponta que esses carrinheiros, como são chamados, são ex-lavradores do interior do Estado que trabalham entre sete e 12 horas por dia carregando até cem quilos de papel e papelão.

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