São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994 |
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Saiba por onde circula seu currículo
ADRIANA SALLES GOMES
"Nós recebemos 300 currículos espontâneos por mês e temos um grupo de seis selecionadores, não dá para respondê-los", diz Carlos Roberto de Carvalho, 36, gerente de recursos humanos da Antarctica, empresa que tem 18 mil funcionários. O grupo Philip Morris (que inclui a Kibon e a Q-Refres-Ko e mantém dez mil funcionários) tem uma equipe de cinco selecionadores. A Avon (2.500 funcionários) tem três pessoas para esse trabalho. A Philco, duas. Esse não é o único problema. As equipes costumam ter excesso de trabalho porque a maioria dos bancos de currículos ainda não está informatizada. Na Philco, por exemplo, o programa de computador foi comprado recentemente e o processo de instalação e treinamento deve levar pelo menos seis meses. Além disso, os próprios candidatos contribuem para aumentar a confusão ao mandar o mesmo currículo para várias diretorias, quando deveriam concentrá-lo no departamento de recursos humanos. Às vezes, as próprias agências de empregos cometem esse erro. "Depois do Plano Collor, não deu mais para responder todos os currículos enviados. As equipes de seleção foram drasticamente cortadas, o gasto com correio pesou mais e as contratações globais caíram 80%. Ao mesmo tempo, a procura por empregos dobrou", diz Gerson Correia, diretor da consultoria Drake Beam Morin (DBM). Segundo ele, as agências de seleção e muitas empresas costumavam mandar cartas justificando a não-chamada até 1990. Hoje as empresas costumam dar satisfação, através de um telefonema, só para quem participou de etapas avançadas do processo de seleção, como testes ou entrevistas. Esse é o caso da Pizza Hut, diz João Mihalik, 34, gerente-geral de operações da rede em São Paulo. Outras empresas, como a Avon, enviam uma carta para todos que mandaram currículos em resposta a um anúncio ou foram indicados por qualquer funcionário da empresa. Em um mês, a Avon remete 150 cartas-resposta. "No caso de a não-contratação ser motivada por insuficiência técnica, procuramos apontar as falhas para que o candidato possa se aprimorar", diz Ana Maria Rédua Giamarino, 41, gerente de treinamento e desenvolvimento pessoal da Avon. Telefonar ajuda A maioria das empresas considera normal que a pessoa telefone pedindo algum tipo de resposta em relação ao currículo enviado. "Isso é positivo, mostra assertividade da parte do candidato", diz Augusto Nacarini, 42, diretor de recursos humanos da Philip Morris. A dica do consultor Gerson Correia é que a pessoa fale com muita diplomacia, tendo em mente que a empresa não é obrigada a dar esse retorno. É recomendável esperar pelo menos 15 dias para pedir uma explicação. Quando o currículo é excepcional, empresas como a Philip Morris costumam chamar a pessoa para uma entrevista –mesmo que não haja vaga– apenas para manter contato. "No ano passado, chamamos quatro pessoas nessas condições", diz Nacarini. Para ter um currículo que chame a atenção, vale a pena –dependendo da empresa e do cargo em disputa– escrever à mão uma carta de apresentação. Carlos Carvalho, gerente da Antarctica, diz apreciar esse tipo de atitude. "Assim posso julgar a redação da pessoa; a própria caligrafia já dá algumas indicações", diz. (ASG) Texto Anterior: Trechos escritos à mão prejudicam o candidato Próximo Texto: Empresa usa 'mercado paralelo' Índice |
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