São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Para Parreira, defesa sueca é ponto fraco do adversário

UBIRATAN BRASIL
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

O técnico Carlos Alberto Parreira não viu nenhuma novidade na seleção da Suécia (terceiro adversário brasileiro na Copa) no jogo contra a Colômbia, disputado sexta-feira passada, em Miami. Apesar de a Suécia ter jogado com apenas três jogadores considerados titulares para o Mundial, Parreira sabe a defesa continua como ponto mais fraco do time. Um aspecto importante na primeira fase da próxima Copa, em que cada vitória vai render três pontos. "É uma ótima modificação porque vai privilegiar o futebol técnico", disse Parreira à Folha, confirmando que, mesmo assim, não pensa de forma alguma em escalar três atacantes no time.
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Folha - A Suécia surpreende em algum ponto?
Parreira - Não do que eu já conheça. É um time determinado, como todos da escola inglesa, que vive sob o talento de alguns jogadores. O problema é sua defesa, que mostra sempre ser pesada e um alvo fácil para adversários habilidosos.
Folha - Do time sueco, quais nomes impõem mais respeito?
Parreira - Vejo praticamente dois, que não estão jogando em Miami: o Brolin, atacante do Parma, que já provou ser um goleador, e o Thern, meia do Napoli, excelente no toque de bola e na visão de jogo. No amistoso contra a Colômbia, apesar da violência ter eliminado qualquer tentativa de se armar um esquema tático, gostei da movimentação do Limpar, meia do Arsenal, sério candidato a uma vaga na seleção. Ele mostrou ser habilidoso.
Folha - É baseado nessas impressões que você reforça seu apoio à nova regra dos três pontos por vitória na primeira fase da Copa?
Parreira - Não só por isso. No congresso de técnicos em que se aprovou a medida, eu fui um dos que mais apoiei. Vai dar mais motivação à primeira fase, em que aconteciam muitos jogos mornos, de 0 a 0, que importavam para as duas equipes. Vai ser também um bom teste psicológico para as grandes equipes, quando levarem um gol das pequenas. É necessário muita calma para não perder e deixar o adversário fugir na pontuação. Eu só estranhei porque o técnico da Alemanha (Bert Vogts) foi um dos poucos contrários à idéia. Justo ele que tem uma das equipes mais determinadas da atualidade...
Folha - O trabalho realizado pelos programas de computadores vai facilitar muito seu planejamento?
Parreira - Na verdade, não é tão diferente do que o preparador físico Moraci Sant'Anna já realiza. Esse programa foi apresentado no congresso dos técnicos e oferece os mesmos dados conseguidos pelo Moraci, como passes certos e errados, assistência etc. A grande novidade é uma visualização no computador, por meio de linhas, da movimentação dos jogadores durante uma partida. É uma ótima maneira de se observar se uma equipe joga mais pelo meio ou pelas pontas.
Folha - Você descobriu algo sobre o Brasil?
Parreira - Vi um dado curioso: na segunda vitória do Brasil contra a Venezuela, nas eliminatórias, percebi que os dois zagueiros, Ricardo Rocha e Ricardo Gomes, jogaram mais além da linha do meio- campo, o que prova meu pensamento de que um time não precisa necessariamente de atacantes genuínos, mas de jogadores que executem várias funções.
Folha - Você decididamente não pensa em escalar Edmundo, Bebeto e Romário no ataque brasileiro?
Parreira - Não, porque o Edmundo não marca. Ter três atacantes no time e achar que isso signifique vitória é uma visão muito simplista. O importante é ter jogadores que ataquem e defendam com precisão. Quantos atacantes fixos tinha a Holanda em 74? Nenhum. Se alguém souber de um nome no Brasil que faça isso, que me fale e eu convoco.

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