São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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'O Reencontro' é todo sensual

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: O Reencontro
Produção: EUA, 1983, 105 min.
Direção: Lwarence Kasdan
Onde: Globo, à 1h

Hoje em dia, seria um elenco "all star". Na época, Tom Berenger, Glenn Close, Jeff Goldblum, William Hurt, Kevin Kline, Meg Tilly ainda não eram as celebridades que são hoje.
Eles constituem o grupo de amigos de faculdade que, muitos anos depois, se reencontra para o enterro de um amigo, que acaba de se suicidar.
O amigo, por sinal, era Kevin Costner. Ele aparecia dentro do caixão, mas acabou cortado na montagem. Não se deu tão mal assim: Kasdan acabou lhe dando um papel de destaque em "Silverado" (1985).
Tudo acontece em torno do morto ou, no melhor dos casos, da morte. Entre a juventude e suas esperanças e o momento de maturidade existe o trauma do Vietnã, que atinge a todos de um modo ou outro.
Lawrence Kasdan já era famoso, na época, por seu "Corpos Ardentes", policial à moda "noir" em que a sensualidade dava o tom.
"O Reencontro" também é dominado pela sensualidade, embora aqui ela se confunda pouco com sexualidade. O que importa é a distribuição das cores, o calor dos diálogos, dos olhares que os personagens trocam.
É através deles, bem mais do que por qualquer fato objetivo, que a fissura entre passado e presente, sonhos e realizações, aparece plenamente. Ou antes, tudo gira em torno daquilo que não é comentado, sobretudo o fato de William Hurt ser impotente (por conta da Guerra do Vietnã), viciado e traficante de drogas.
Entre o paraíso sugerido pelas aparências do cenário e a realidade, abre-se um fosso brutal: ali Kasdan se instala com sensibilidade para fazer um dos mais belos filmes sobre esta "geração perdida". (Inácio Araujo)

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