São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Telefonemas ligam juíza a advogada acusada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI da Previdência descobriu telefonemas que podem aumentar o número de envolvidos nas fraudes do INSS. Através da análise de contas telefônicas, a comissão descobriu que a juíza de Vassouras, Eloísa Gomes da Motta, mantinha contatos com a advogada Lúcia de Fátima Pisani. A juíza homologou os cálculos do quarto maior pagamento de aposentadorias do INSS descoberto até agora: US$ 25 milhões para Marli Alves dos Reis. A beneficária era cliente de Lúcia Pisani.
A advogada, acusada de fraudar a Previdência, está presa no Rio de Janeiro. Em depoimento à CPI, Eloísa afirmou que conhecia Lúcia Pisani apenas como "advogada da comarca". Com a quebra do sigilo telefônico a comissão identificou dez ligações da juíza para Lúcia entre novembro de 1990 a maio de 1991. Algumas ligações foram feitas durante a madrugada.
"Ninguém liga para a casa de outra pessoa às 2h da madrugada e conversa durante uma hora e 47 minutos se não for amiga, ou tiver negócios em comum", afirmou a deputada Cidinha Campos (PDT-RJ), relatora da CPI da Previdência. A ligação citada pela deputada foi no dia 21 de dezembro de 1991.
As contas telefônicas levam o ex-presidente do INSS José Arnaldo Rossi novamente para o alvo das investigações. A CPI descobriu um telefonema de Rossi para o argentino Cesar Arrieta nas vésperas do pagamento da aposentadoria milionária de US$ 88 milhões para o motorista Alaíde Ximenes.
A ligação foi feita do gabinete de Rossi em Brasília para o escritório de Arrieta no Rio de Janeiro às 10h do dia 30 de janeiro de 1991. O pagamento foi autorizado no dia 2 de fevereiro. A CPI da Previdência suspeita da participação de Cesar Arrieta também no pagamento irregular de benefícios. O argentino é acusado de montar uma rede de fraudes no parcelamento de dívidas de empresas com o INSS.

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