São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Programa na rodoviária atrai 40 mil

BOB FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Santa, 63, recém-chegada, se encosta na tela que separa visitantes e o desembarque. Abraça o filho, João, 24, chora e pergunta: "Por que tem que ser assim, meu filho? Há dois anos que não o vejo". Dezenas de rostos colados na tela monitoram, em silêncio, o reencontro. Com 64 empresas de ônibus, 69 plataformas de embarque e desembarque, 1.312 bancos de espera e 800 funcionários, a rodoviária é um vasto cenário para dramas humanos.
Em janeiro, das 321 ocorrências policiais em todo o sistema metropolitano de transportes -quatro terminais, três linhas de metrô-, a metade ocorreu no Tietê. "Nos finais de semana é muita gente. Um vem buscar um parente com outros quatro ou cinco para passear e ficam horas por aqui", afirma Pascoal Ditura, titular da delegacia Metropolitana, que cuida do sistema de transportes da cidade.
A polícia vai vencendo a batalha. Em 1990, em todo o sistema metropolitano e não apenas no Tietê, foram 444 os roubos em bilheterias. Em 93, este índice caiu para 26. Ainda assim, conta Rubens Xavier, chefe dos investigadores, "os da gangue dos peruanos, contando os que já foram presos, são uns 20. Tem uns 12 gileteiros, uns 10 punguistas, uns 15 que fazem arrasto. Você prende, logo eles estão soltos. No total, tem uns 100 malandros que trabalham por aqui".
Farofa dos "piolhos"
Dentro da rodoviária, a primeira briga da CNS foi contra os "piolhos". Eram mendigos como Maria "Pernambucana", Maria "Geléia" e "Quém-Quém". Hoje, mantidos à distância com incursões esporádicas, os"piolhos" se reúnem por volta da meia noite. Nas proximidades da rua Voluntários da Pátria, depois de uma vaquinha, compram frango com farofa, garrafas de cachaça e fazem o seu jantar.
Quem faz da rodoviária sua área de lazer tem escassas opções. Além de ver pessoas e procurar parentes ou amigos que estão chegando com notícias, os visitantes se espalham por três lanchonetes, fazem filas nos 90 aparelhos de telefone e sobem e descem os três andares do prédio. Roseli Fernandes, assessora de imprensa da Socicam, diz:"Virou uma cidade, mas o pessoal precisa saber que aqui perto, na rua Jacofer, também com entrada grátis, funciona o Centro de Tradições Nordestinas. Lá tem artesanato, comida típica e até estátuas do Padre Cícero e Lampião".
Para diminuir o fluxo de visitantes nos finais de semana, a Secretaria de Esportes e Turismo estuda uma estratégia. Colocar um stand no Tietê e cartazes com informaçõers sobre as atrações no Centro de Tradições Nordestinas.

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