São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Incentivo já movimenta US$ 2 bi no país

NELSON BLECHER
ENVIADO ESPECIAL A CARACAS

O Brasil inicia a exportação de uma ferramenta de marketing moldada para ajudar as empresas a vencer desafios impostos pela recessão econômica: programas de incentivo, que contemplam os melhores vendedores ou empresas revendedoras com prêmios e viagens.
Cerca de uma centena de executivos venezuelanos compareceram na semana passada a um seminário em Caracas, a capital, para conhecer as campanhas de motivação de vendas criadas pela agência Incentive House, de São Paulo, para a Antarctica, General Motors e Shell, que figuram entre os 700 clientes atendidos.
As empresas receberam material alusivo ao tema da campanha -como fitas de vídeo, bebidas e estatuetas de elefantes de madeira. Ao final, os 23 empresários que obtiveram o melhor desempenho viajaram com acompanhantes à África do Sul.
A Antarctica conseguiu aumentar seus resultados no interior do Estado através de uma campanha batizada de "Virada Paulista", que envolveu 4.000 funcionários de postos de distribuição e auto-serviço. Na Copene, a mais antiga indústria química do pólo de Camaçari, bateu-se o recorde de sugestões de funcionários para aperfeiçoar os métodos de trabalho. Foram enviadas 822 sugestões em menos de seis meses.
Programas semelhantes serão conduzidos agora na Venezuela. Primeiro passo de uma ofensiva para difundir sua marca internacionalmente, a Incentive House –vinculada ao grupo francês Accor– firmou um acordo de licenciamento e assistência técnica com o grupo Omega, que prevê faturar US$ 900 mil com essa atividade em 1994.
Líder do setor de marketing de incentivo no país, com faturamento de US$ 50 milhões em 1993, a agência, fundada em 1984, emitiu 6,5 milhões de bônus –uma espécie de cédula distribuída durante as campanhas, que pode ser trocada por mercadorias em 12 mil lojas conveniadas.
"Além da formação e treinamento de pessoal de uma empresa, é necessário investir em sua motivação, sem a qual qualquer programa de qualidade e produtividade não terá os mesmos resultados", afirma Gilmar Pinto Caldeira, diretor-executivo da Incentive House.
Com base em pesquisa publicada na "Harvard Business Review", ele afirma que o salário está posicionado como quinto fator capaz de motivar executivos, sendo precedido por reconhecimento, êxito, oportunidades de crescer na carreira e o clima no local de trabalho.
Medir resultados
Esses programas também podem ser utilizados em campanhas para reduzir o número de acidentes de trabalho e o absenteísmo nas empresas, além de controle de qualidade de produtos.
Levantamentos indicam que as empresas brasileiras investiram cerca de US$ 2 bilhões em promoção de incentivo em 1993. Do total, 25% foram movimentados pelos programas das 20 agências especializadas que operam no país.
São cifras modestas se comparadas ao investimento anual feito pelas empresas norte-americanas: US$ 28 bilhões, praticamente a metade do movimentado pelo setor em nível mundial. O Japão é o segundo maior clientes da área.
As duas líderes do mercado norte-americano (Maritz e Carlson) faturaram US$ 500 milhões cada em programas realizados no ano passado. Enquanto no Brasil apenas 10% dos gastos relacionam-se a prêmios em viagem, nos EUA alcançam 28% do total.
"As viagens têm alto valor residual, por serem quase sempre inesquecíveis para os vencedores", diz Caldeira, que já embarcou seis mil executivos em cruzeiros marítimos ou aviões fretados.

O jornalista NELSON BLECHER viajou a Caracas a convite da Incentive House

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