São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Em um dia, Telê cria o novo São Paulo

MARCELO DAMATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico Telê Santana foi o grande vitorioso de ontem. Pegou um time desconjuntado e o transformou numa equipe capaz de derrotar o Palmeiras, até então invicto e líder do Campeonato Paulista.
"O empate também não seria injusto", disse o treinador no final do jogo. Ele recusou a afirmação de que teria dado um "aula" de futebol no amigo e rival Wanderley Luxemburgo. "O jogo foi igual. Ganhamos porque soubemos aproveitar as oprotunidades."
A vitória no clássico parecia difícil ontem de manhã. Na véspera do clássico, o time titular havia sido goleado pelos reservas por 4 a 1 –seriam seis se dois gols não tivessem sido invalidados. Formado basicamente por jogadores da Copa São Paulo, os reservas deram show em cima dos titulares.
Irritado, Telê decidiu tirar o volante Axel e o zagueiro Júnior Baiano, que, segundo ele, ainda não estão adaptados ao estilo do time –objetivo e preciso. Fez entrar Gilmar e Vítor, passando Cafu para o meio. "Depois do coletivo, ele (Telê) me disse para descansar que eu poderia jogar", disse depois da partida o zagueiro Gilmar. Vítor, por outro lado, já tinha certeza de que seria escalado. "Ele me avisou que jogaria."
Com Cafu no meio ("ele rendeu muito mais do que na lateral", avaliou Telê), o esquema de Luxemburgo começou a cair. O lateral-meia-volante apoiava como meia, fazendo tabelas com Vítor, e voltava para fazer o segundo volante, à direita de Doriva.
O dedo de Telê foi visto por quase todo o campo. Doriva fez uma de suas melhores partidas pelo clube, anulando Rincón e subindo ao ataque com uma frequência poucas vezes vista. André, autor do primeiro gol, chegou a dedicar seu gol ao técnico. "Ele insiste para que a gente chute direito."
No intervalo, Telê mudou a posição dos laterais Vítor e André. "Eles estavam subindo demais e deixavam a gente no mano a mano", disse Gilmar. Essa correção matou a única opção de ataque do Palmeiras, o contra-ataque.
O técnico também corrigiu o único ponto destoante da defesa são-paulino: o zagueiro Válber, muito nervoso e às rusgas com o centroavante Evair. "Ele me disse para só preocupar em jogar bola", disse o zagueiro. No segundo tempo, Válber foi um dos melhores em campo e arriscou-se até a ir para a frente, criando uma chance de gol.
Telê atuou também para não sair com fama de teimoso. Durante o jogo, conseguiu corrigir a atuação de Muller, que fazia sua primeira partida pelo São Paulo. De um primeiro tempo apagado, o jogador criou várias opções de contra-ataque no segundo, depois que passou a trocar de posição com Euller, desestabilizando o único setor do Palmeiras que ainda funcionava: a dupla de zagueiros.

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