São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Lula decide hoje se PT entra na revisão

DA REPORTAGEM LOCAL

O Diretório Nacional do PT define hoje se revê o veto à participação da bancada do partido no Congresso revisor. A decisão está nas mãos de Luiz Inácio Lula da Silva, virtual candidato do PT à Presidência da República. A maioria ortodoxa da direção da legenda teme ser responsabilizada por eventuais prejuízos eleitorais que a manutenção do impasse cause à campanha de Lula e já admite ceder em parte à bancada, que reivindica autonomia para tratar da questão revisão.
O acordo patrocinado por Lula para terminar com a crise estava sendo analisado ontem à noite pela corrente "Articulação de Esquerda" (antiga "Hora da Verdade"), liderada por Rui Falcão, vice-presidente do PT. Lula, durante a semana, manifestou-se a favor do fim do veto à participação, mas desde que a mudança fosse precedida de uma condenação clara ao encaminhamento que está sendo dado à revisão.
A ala de Falcão, que bancou até aqui o veto à revisão, quer uma definição clara de Lula sobre o assunto. Na última reunião da Executiva, Lula omitiu-se na votação. A tendência, até ontem à noite, é que a maioria do diretório, com exceção do minoritário grupo trotskista "O Trabalho", decidisse pela permissão de voto à bancada em situações específicas. A bancada, para facilitar o acordo, admite até a criação formal de uma comissão da Executiva petista com poder de veto para dirimir dúvidas sobre a conveniência de votar em alguns temas.
Antes do início da reunião do diretório, Lula reúne-se com Falcão e o deputado José Fortunati (RS), líder da bancada petista na Câmara, para entrar no diretório com uma proposta majoritária. Já está definido, no entanto, que a tática principal dos deputados, mesmo se derrubado o veto à participação, será a obstrução e a tentativa de tirar de votação o capítulo da Ordem Econômica.
O plano econômico do ministro Fernando Henrique Cardoso e suas consequências no quadro eleitoral também estão na pauta petista. O partido deve se posicionar contra as medidas de FHC, até já antevendo o embate eleitoral com o PSDB.
Na análise do plano e na discussão sobre política de alianças deve haver o confronto entre posições como a do cientista político Francisco Weffort e a de Falcão. Weffort acha as ressalvas que possam ser feitas ao plano são "secundárias", enquanto Falcão define as medidas como "eleiçoeiras". Weffort não faz parte do diretório, mas expressa a posição de uma parcela significativa de intelectuais que assinaram um manifesto com críticas à direção petista, o que provocou a reação de Falcão.

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