São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994 |
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O Brasil na contramão
MOISE EDMOND SEID "Os carros se enfurecerão nas praças, chocar-se-ão pelas ruas: o seu parecer é como o de tochas, correrão como relâmpagos"Naum 2:4 Por que o Brasil foi aceito para ser a sede do 13º Congresso Mundial de Medicina e Acidentes de Tráfego? A resposta é multifacetada. Morrem 50 mil pessoas, 300 mil são feridas em cerca de 1 milhão de acidentes de trânsito no Brasil, por ano. Os prejuízos são de 4,5 bilhões em danos materiais, tratamentos médicos, homens-hora de trabalho, indenizações, pensões etc. Estes são os números usados quando se fala em acidente de trânsito no Brasil, embora não se possa afirmar a sua exatidão, pois as estatísticas são relegadas a segundo plano pelas nossas autoridades. Esse é um dos aspectos mais lamentáveis da prevenção de acidente de trânsito no Brasil: a falta de estatísticas. Como combater um inimigo, se não sabemos sequer o seu tamanho? Tenho por base números extrapolados, interpolados, inferidos ou até chutados faz-se o combate aos acidentes de trânsito no Brasil. Em matéria de trânsito também privilegia-se a política em detrimento da técnica. Um exemplo: o anteprojeto do novo Código Nacional de Trânsito foi elaborado durante um ano e meio por 15 especialistas. Esse anteprojeto foi mutilado no Ministério da Justiça, que não apoiou a versão da comissão por ele mesmo indicada, gerando vários substitutivos absurdos como a inclusão de um representante dos pedestres no Conselho Nacional de Trânsito e a ausência de representante da área de medicina e psicologia neste mesmo conselho. O fardo fiscal que pesa sobre a indústria automobilística torna proibitiva a adoção de determinados tipos de equipamentos de segurança, sob o risco de tornar inviável a aquisição do carro pelo consumidor. As estradas são tratadas de modo criminoso pelas autoridades competentes. Os métodos de habilitação no Brasil são arcáicos. Aqui não se aprende a dirigir – "tira-se carta". A educação para o trânsito a nível escolar não sai do papel. Uma vez que a maioria dos motoristas de hoje é despreparada e mal-educada, e as novas gerações não estão sendo devidamente formadas, pergunta-se: até quando esta situação permanecerá? Ou o que está escrito na Bíblia se realizará conosco? Por esses motivos o Brasil tornou-se a sede do 13º Congresso Mundial da Associação Internacional de Medicina e Acidente de Tráfego, com o apoio da Organização Mundial da Saúde. Uma oportunidade para que o assunto seja refletido pela opinião pública brasileira. Texto Anterior: Belém ganha parque com 1.360 hectares Próximo Texto: "Rodovia da morte" terá duplicação Índice |
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