São Paulo, quarta-feira, 9 de março de 1994
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Zizi Possi leva 'Valsa Brasileira' ao Sesc

CARLOS CALADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que pensam muitos executivos do mercado musical, apostar na qualidade não é loucura. Quem demonstra isso, mais uma vez, é a cantora Zizi Possi. De hoje a domingo, ela exibe no palco do Sesc Pompéia o sofisticado material de seu recém-lançado CD "Valsa Brasileira" (selo Velas), que aprofunda a guinada criativa ocorrida em sua carreira há dois anos.
"Essa história de usar show para divulgar disco é sacanagem", alfineta de cara Zizi, dizendo que sua concepção atual é inversa à vigente no mercado. "Desde o início eu já vou fazendo um show. Só depois de um período de maturação musical eu penso em entrar no estúdio. O disco é que deve estar a serviço do show."
Na verdade, quem for ao Sesc vai ouvir bem mais do que as belas recriações de clássicos da MPB que Zizi e seus músicos incluíram no CD "Valsa Brasileira", como "O Samba e o Pandeiro"'(de Jackson do Pandeiro), "Meditação" (Gilberto Gil), "Modinha" (Tom e Vinicius) e "Lamentos" (Pixinguinha e Vinicius), entre outras. Também entram deliciosos arranjos acústicos de shows anteriores, como "A Paz" (Gil), "Sobre Todas as Coisas" (Edu Lobo e Chico Buarque) e "Meu Erro" (Herbert Vianna).
Consciente de que seu trabalho atual deve muito à contribuição criativa de seus músicos, Zizi é a primeira a reconhecer. "Eles começaram a ensaiar comigo sem ganhar um centavo. Acreditaram em mim", diz a cantora, que assina a direção musical do show, mas faz questão de dividir a autoria dos arranjos com Benjamin Taubkin (piano), Jether Garotti (sopros e teclados) e Guello (percussão), os mesmos músicos que a acompanharam nas gravações do CD.
"Eu não esperava nada quando gravei o 'Sobre Todas as Coisas'. É muito bom quando a gente percebe que acertou", confessa Zizi, contente com a repercussão de seus últimos trabalhos. A coragem de redimensionar sua carreira –que durante a década de 80 se manteve afinada com o redundante padrão musical das FMs e trilhas de novela– não resultou em perda de público, avalia a cantora.
"A gente só perde o que não é da gente. O que eu perdi com essa mudança foi apenas o público de novela, que nunca foi meu de verdade. Hoje, ainda tem pessoas que vão aos meus shows e pedem 'Asa Morena' ou 'Perigo', mas que acabam gostando muito do que ouvem", justifica Zizi.
Quanto a esse retorno do público, Zizi lembra que recebeu muitas cartas de portadores do HIV, dizendo-se mais animados com a vida depois de sua regravação de "O Que É O Que É" (de Gonzaguinha). "Eu me sinto recompensada, porque esse é o papel do artista. Não importa se eu canto para 50 pessoas ou 5.000."

Show: Valsa Brasileira
Artista: Zizi Possi
Músicos: Jether Garotti (sopros e teclado), Benjamim Taubkin (piano) e Guello (percussão)
Onde: teatro do Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 864-8544, Pompéia, zona oeste de São Paulo)
Quando: de hoje a sábado, às 21h; domingo, às 20h
Quanto: CR$ 5.000 e CR$ 2.500 (estudantes e comerciários)

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