São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994 |
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Trabalho sem remuneração é rotina para 23,3% dos trabalhadores no PI
CLÍCIA CRONEMBERGER
Melo trabalha desde os 10 anos e nunca pôde ir à escola. O único emprego pelo qual recebeu salário foi o de coveiro, na Prefeitura de Altos, entre 1986 e 88. Não lembra quanto ganhava. Deixou o emprego porque o salário não era suficiente para alimentar a família. Se ganhasse um salário mínimo por mês, acredita que poderia comprar uma casa em Altos. "Ia viver sossegado." Melo afirma ter três sonhos: ver os filhos em "boa situação" para ser amparado quando não puder mais trabalhar, morar em Altos e ter o que comer. A casa onde vive há seis anos tem 50 metros quadrados e três cômodos –sala, quarto e cozinha. Os móveis e utensílios são os mesmos do casamento, há 21 anos –quatro tamboretes (banco de madeira e couro), dois potes de barro, um rádio, duas panelas e cinco redes. A casa não tem luz elétrica ou água encanada. No quintal, ele cultiva arroz, feijão, tomate, coentro e cebolinha. Melo tem oito filhos, mas só cinco moram com ele. A mulher foi embora há oito anos. "Eu era doente. Ela, uma mulher nova, foi embora." As três filhas também se foram. Texto Anterior: Pesquisa mostra que Brasil tem 20 milhões de subtrabalhadores Próximo Texto: Distrito Federal tem maior média de salário e maior índice de desemprego Índice |
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