São Paulo, sexta-feira, 11 de março de 1994
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'Espião' acha que Parreira pode ter até 4 no ataque

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O "espião" da comissão técnica da seleção brasileira, Jairo dos Santos, defendeu em entrevista à Folha uma alternativa tática com quatro atacantes para a equipe: Bebeto, Romário, Muller e Edílson. "Não sou contra o time com dois atacantes, como quer o técnico Carlos Alberto Parreira, mas podemos mudar durante os jogos para quatro."
Santos contou que ri quando vê defensores de uma seleção com três atacantes, um a mais do que Parreira usa. "Há quem peça mais um no ataque, mas eu gosto mesmo é do sistema com quatro atacantes. Isso é possível quando se tem quatro jogadores excepcionais, como agora no Brasil."
Para ele, mudar não seria arriscado. "Com qualquer sistema se ganha e se perde em alguns aspectos. Com quatro no ataque, não faríamos pressão na saída de bola adversária, por exemplo."
Santos acha que a seleção pode jogar assim, desde que mantenha dois volantes, Mauro Silva e Dunga. "Os dois volantes são importantes também porque os laterais brasileiros são os que mais atacam em todo o mundo."
Ele acredita que com cinco atacantes a equipe poderia ficar desequilibrada. "Seria arriscado, como um enxadrista dar ênfase demais ao ataque, sem se preocupar com a defesa. Jogar com cinco só seria possível com grande coordenação defensiva."
O "espião" encarregado de observar adversários do Brasil acredita que um dos motivos para se jogar com mais atacantes é a marcação que Bebeto e Romário sofrerão. "Será muito mais dura do que nas eliminatórias."
Para Santos, os quatro atacantes não tornariam a defesa frágil. "Basta fazer como o Zagalo na Copa de 70: um time em que quase todos marcam. Naquela equipe havia quatro meias ofensivos (Pelé, Tostão, Gérson e Rivelino) e um atacante, Jairzinho. Só o Tostão não tinha obrigação de marcar. A participação total permite um time com jogadores habilidosos."
Jairo dos Santos guarda em disquetes de computador informações sobre todas as seleções que vão ao Mundial. Cita duas que usam quatro atacantes: Holanda e Bulgária. Ele elogia a importância de Zinho e Raí para a seleção, mas defende a opção com a saída deles e a entrada de Muller e Edílson. "Muller é muito importante, com sua experiência internacional."
Jairo dos Santos é considerado um dos maiores estudiosos de futebol no país. Colaborou com vários técnicos da seleção. Depois do coordenador Mário Lobo Zagalo, é a pessoa que o técnico Parreira mais procura em busca de opiniões sobre futebol.

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