São Paulo, sábado, 12 de março de 1994 |
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Câmara quer processar Hebe por dois crimes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA A Câmara quer processar a apresentadora de TV Hebe Camargo com duas acusações: crimes contra a Segurança Nacional e contra a honra (calúnia, injúria e difamação). O procurador da Câmara, deputado Vital do Rêgo (PDT-PB), entendeu que a apresentadora convocou o público e a sociedade a se rebelarem contra o Congresso Nacional e acusou os parlamentares de serem coniventes com o crime.Hebe criticou os parlamentares que não comparecem às sessões em seu programa no SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), na segunda-feira passada. Declarou também que o Congresso deixou de julgar os acusados pela CPI do Orçamento. A representação contra Hebe será entregue na próxima segunda-feira à Procuradoria Geral da República, que decide se abre ou não o processo. A procuradoria da Câmara está analisando se também processa o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) ou a apresentadora do "Jornal do SBT", Leila Cordeiro, por crime contra a honra. No telejornal que foi ao ar na madrugada de terça-feira, Eliakim Araújo repetiu uma frase de Hebe: "Hebe afirma: hoje só tenho medo de bandido". Em seguida, Leila dá um conselho: "Então muito cuidado Hebe que eles são muitos. É melhor você não ir a Brasília. Um beijo e parabéns". Eliakim disse à Folha que talvez a generalização tenha sido um erro, mas que em nenhum momento o telejornal pretendeu atingir o Congresso como instituição. Rêgo pediu ontem ao diretor do SBT, Flávio Cavalcanti Júnior, o roteiro (script) do telejornal com o texto lido por Leila. Ele quer saber se a apresentadora improvisou, incluindo por conta própria o comentário, ou se apenas leu um texto já pronto. Rêgo afirmou que se foi um improviso, o processo será contra a apresentadora. Caso contrário, o processo será contra a televisão. Cavalcanti foi ontem ao Congresso conversar com Rêgo. "Eu agora sou um bombeiro. Vim apagar um incêndio", disse o diretor. O procurador decidiu não processar o apresentador do "Telejornal Brasil", Boris Casoy, também do SBT. Rêgo assistiu ontem a gravação do telejornal e considerou que os comentários de Boris com relação ao processo contra Hebe Camargo foram apenas de solidariedade e não significaram ofensa ao Congresso Nacional nem aos parlamentares. Hebe Camargo não foi localizada ontem pela Folha, para comentar a decisão de Rêgo. Antes, ela havia dito que a Câmara estava fazendo "tempestade em copo d'água". Texto Anterior: João Alves quer abandonar política e 'procurar raízes' Próximo Texto: 'Contras' exigem mudança no regimento Índice |
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