São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Colloridos podem se aliar ao PT

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA EM MACEIÓ

O grupo político de Alagoas do ex-presidente Fernando Collor, liderado pelo governador Geraldo Bulhões (PSC), está tentando uma aproximação com a possível candidatura do prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa (PSB), ao governo do Estado. Sem candidato natural ao governo, o grupo de Collor tenta apoiar a esquerda para vencer o candidato do PMDB, senador Divaldo Suruagy.
A união do grupo político de Collor com o grupo de Lessa, integrado pelo PT, PC do B, PPS e PRP, seria uma "Arca de Noé", segundo definiu Bulhões, em entrevista à Folha. Bulhões e Lessa deram o primeiro passo nesse sentido na quarta-feira, quando almoçaram juntos na casa do governador. Eles voltam a discutir o assunto esta semana.
"Eu gosto é de montar Arca de Noé, pois coloco todos os bichos juntos para ganhar eleições", disse Bulhões. A aliança com Lessa não é a única frente em que atuam os colloridos. Segundo Bulhões, apesar de ter chance mais remota, seu grupo pode lançar um candidato próprio ao governo.
"O governador sinalizou no sentido de nos apoiar, mas é bom deixar claro que não tenho autorização dos partidos que me apóiam para negociar", afirmou Lessa que, ao lado do senador José Paulo Bisol (PSB-RS), é um dos nomes cotados para ser vice na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva às eleições presidenciais.
Lessa disse que foi ao encontro de Bulhões para discutir projetos para Maceió e o governador acabou falando da sua intenção em apoiá-lo: "O Bulhões e eu sempre representamos personalidades opostas na política", disse Lessa, ao comentar as dificuldades para fechar o acordo.
Entre os antagonismos da discutida aliança entre esses dois grupos da política alagoana está o fato que ela colocaria do mesmo lado Collor e seu irmão Pedro Collor, autor das denúncias que levaram o ex-presidente ao impeachment. Pedro Collor (PRP), que tenta uma vaga na Câmara, confidenciou a amigos que não tem nada a ver com as conversas do prefeito, seu aliado, com o governador. "Foi uma supresa geral", afirmou Pedro.
A surpresa descrita por Pedro Collor atingiu todos os partidos que integram a chamada "Nova Força" da política local, liderada por Lessa. Até o final da tarde de ontem, nenhum dos partidos da "Nova Força" havia se manifestado sobre o assunto. Lessa disse que está disposto a ouvir uma proposta formal do governador.
O presidente do PMDB, Djalma Falcão, vê a possibilidade da aliança dos colloridos e Lessa com pragmatismo: "Se isso der certo, o Lessa joga no lixo sua credibilidade, mas sem Bulhões ele fica sem apoio no interior e perde a eleição."

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