São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Fleury prevê aliança com PPR no 2º turno

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fleury prevê aliança com PPR no 2.º turno
Quércia discorda do acordo e diz que, "tradicionalmente, sempre houve problemas" entre peemedebistas e malufistas
Praticamente fora da sucessão presidencial, o governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho, disse ontem que o PMDB e o PPR do prefeito paulistano Paulo Salim Maluf podem caminhar juntos no segundo turno da eleição para presidente. "Sendo uma eleição de dois turnos, dependendo do quadro político, esta união pode se dar no segundo turno", afirmou. A declaração causou mal-estar nos peemedebistas e desaprovação de Orestes Quércia, virtual candidato a presidente pelo PMDB.
"Essa é uma questão que deve ser decidida pelo partido"', disse Quércia. Segundo ele, há dificuldades para se viabilizar esse tipo de aliança. "Tradicionalmente, sempre houve problemas entre peemedebistas e malufistas", declarou. Oswaldo Leiva, vice-presidente do PMDB, também reclamou. "O partido não foi consultado e nem mesmo sondado", afirmou. "É prematuro discutir segundo turno". A declaração de Fleury foi dada após café-da-manhã com Maluf.
No dia anterior, em telefonema a Quércia, o governador informou que ia se encontrar com o prefeito. "Pode ficar tranquilo que vou ficar rouco de tanto ouvir", disse. Mas, após o encontro, ele falou mais de uma vez sobre o acordo com Maluf. "Eu não teria qualquer problema de apoio no segundo turno", disse, quando indagado sobre as chances de aliança de candidatos do PPR e do PMDB no segundo turno.
No início da entrevista, Fleury disse que não falara de acordo com Maluf por serem de "partidos diferentes". Mas, depois, referiu-se à aliança no segundo turno. O Palácio dos Bandeirantes tentou, mais tarde, amenizar os efeitos das declarações do governador. José Aparecido Miguel, assessor de imprensa de Fleury, disse que o governador falou em acordo de forma genérica, sem especificar que seria com Maluf.
O café da manhã dos dois demorou quase duas horas. O convite foi feito por Fleury, na última quarta-feira, em Brasília. Virtual candidato a presidente pelo PPR, Maluf gostou da promessa de apoio. "Por que não podemos pensar juntos no segundo turno, estando num palanque de alguém que pensa como a gente e não no palanque de quem quer reinventar a roda?" Segundo Maluf, os canais entre ele, Fleury e o PMDB "estão desobstruídos".
Após o café com Fleury, Maluf já falava como candidato a presidente. "Gostaria de morrer como ex-presidente", disse. Ao se referir à sua tentativa de entendimento com o PFL, aproveitou para, mais uma vez, atingir seu alvo preferido –o PSDB. "Se houver casamento nosso com o PFL, vamos nos referir a eles (os pefelistas) como nossa gente. Já o PSDB vai chamá-los de aquela gente". Disse que não descarta nem mesmo acordo com Fernando Henrique Cardoso. "Quem estiver melhor nas pesquisas apóia o outro", declarou.

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