São Paulo, sábado, 12 de março de 1994
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Cantor dispensa convites depois da estréia

CAROLINA CHAGAS
DA REDAÇÃO

"Não quero nada, vou para o hotel dormir", com essa frase Chico Buarque dispensou os convites para jantar que a produção lhe fazia no final da estréia do show "Paratodos" anteontem no Palace. Era 0h30 e Chico não tinha jeito de cansado –banho tomado, cabelo penteado, roupa limpa– quando embarcou no Tempra prata, placa GPW-9542, de Belo Horizonte, com a mulher, Marieta Severo, e a filha do meio, Helena Buarque de Hollanda.
Era o final de uma noite em que tudo deu certo para ele. Houve encontro com os amigos da turma de 1962 da FAU, com os sobrinhos e irmãos, artistas e fãs que se aglomeravam na garagem interna do Palace, depois do final do show.
O bedel Rimas Brochado, 78 –que ajudou a distribuir letras de "A Banda", na avenida Brigadeiro Luiz Antônio em 1966, durante o Festival da Record– era o xodó do pedaço. "Adorei o show", afirmou, "mas o Chico não cantou a minha música!" –resmungou, referindo-se à canção.
Alguns quilos mais magra, a atriz Cláudia Gimenez também reclamou da falta de canções no repertório: "Você não cantou nenhuma da Ópera do Malandro". "É verdade, faltou. Vou anotar sua reclamação", respondeu o cantor.
No camarim, o empresário e produtor Vinícius França cumpria um ritual que virou mania desde o show "Francisco". "Estouro uma champagne no final de cada noite de casa lotada". Nesta turnê já foram 23 garrafas, com a de ontem.
Ao lado das taças borbulhantes, os restos da preparação do cantor antes da noite de estréia: pedaços de gengibre –que ele mastiga antes de subir ao palco–, uma garrafa de vinho branco italiano Corvo –para amaciar a voz–, metade de uma pêra e um pente de madeira. Na cadeira de couro branca, um calção florido, uma camiseta de manga comprida branca e uma toalha bordada "Chico" em azul turquesa. No espelho, uma cópia do roteiro do show, que é espalhado por todo o caminho e no fundo do palco. "Para ele não esquecer nada", explica França.
Anteontem, só faltou a bola de futebol –marca "Umbro"–, encomendada para embaixadas calmantes antes da entrada em cena. Bem substituída, no final da noite, por uma boa dose de sono.

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