São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Ruth Cardoso recusa o 'cargo' de primeira-dama

DA REPORTAGEM LOCAL

Ruth Cardoso recusa o 'cargo' de primeira-dama
A antropóloga Ruth Cardoso, 63, casada há 40 anos com o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, é a pessoa mais reticente e esquiva no Cebrap quando o assunto é a virtual candidatura de seu marido à Presidência da República. "Nós ainda nem sabemos se ele vai ser candidato", diz, "mas tenho certeza que o Cebrap o tratará como sempre fez quando pessoas da casa concorreram a cargos eletivos: de forma crítica e discutindo suas propostas, nunca pessoalizando ou se posicionando como instituição pró ou contra".
Sobre o PT, Ruth diz que "gostaria que o partido resolvesse as divisões internas que hoje são evidentes, não apagando suas diferenças, mas de modo que pudesse ter uma atuação pública e política mais eficaz do que tem hoje". "Mas o simples fato de o PT discutir seus problemas de forma pública já é algo que merece todos os elogios num páis acostumado a conchavos", completa.
O ingresso de Ruth no Cebrap ocorreu só em 1983, depois que FHC se desligou do centro para assumir sua cadeira no Senado. O motivo era simples: não queria trabalhar com Fernando Henrique para não misturar vida profissional e vida privada. Até hoje intelectuais de sua geração, como José Arthur Giannotti, brincam que ela é a autora da lei que proíbe casais no Cebrap. "Eu nunca faria tal generalização, é apenas uma decisão pessoal", explica.
Em 1985, quando FHC era candidato à Prefeitura paulista, Ruth dizia que jamais abandonaria sua vida profissional e, como eventual primeira-dama, só compareceria aos atos oficiais que exigissem sua presença. Nada mudou. Dona de vôo intelectual próprio, Ruth Cardoso continua sendo uma perfeita anti-primeira-dama.

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