São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Resultado ameaça Lula

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa Datafolha sobre sucessões estaduais revela uma situação preocupante para o PT: líder disparado na disputa presidencial com a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, o partido tem índices ridículos em alguns Estados importantes e não começa na frente em nenhum Estado. O perigo, admitem até setores petistas, é que a fragilidade das candidaturas da legenda empurre Lula para baixo.
O raciocínio da cúpula petista é que a saída é "amarrar" as franzinas postulações estaduais do partido ao carro-chefe do partido. Mas, se é verdade que é possível que o plano dê certo ao menos para não atrapalhar a candidatura Lula, é lícito também admitir que existe o risco de polarizações estaduais que excluam o PT acabem prejudicando Lula. O horário gratuito de TV, que pode decidir a eleição, este ano será dividido entre as disputas nacional e estaduais, com um espaço reservado aos candidatos proporcionais.
O PT sai muito mal em São Paulo e Minas, os dois maiores colégios eleitorais do país. José Dirceu (SP) não passa de 5% e Antônio Carlos Pereira (MG) patina em simbólicos 2%. Verdade que no meio político não se acredita que o desempenho petista nas eleições estaduais seja o mesmo até outubro. Quando houver a identificação entre partido e candidato, a tendência é o crescimento das candidaturas do partido. Mas é inegável que a pesquisa mostra um obstáculo forte no caminho de Lula.
Em outra situação, o PSDB começa a corrida estadual com boas chances em São Paulo, Rio, Ceará, Distrito Federal, Bahia e Mato Grosso do Sul. O senador Mário Covas (SP) e o ex-governador cearense Tasso Jereissati são hoje as apostas mais certas dos tucanos na eleição.
O complicador para o PSDB é a fama que acompanha alguns de seus representantes: começar bem e perder o fôlego na hora da urna. Covas e Maurício Corrêa (DF) já viveram essa amarga experiência. Outro perigo no sonho de alavancar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Planalto são as dissidências que ameaçam implodir, por exemplo, o PSDB baiano.
O PPR do prefeito Paulo Maluf vive até agora o êxito solitário do senador Esperidião Amin, que seria eleito governador de Santa Catarina já no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Nos outros Estados, porém, o PPR não mostra musculatura suficiente para erguer Maluf. Daí a necessidade urgente do malufismo fazer alianças regionais.
O PMDB, dono da maior máquina partidária do país, vive uma situação dramática. Nos grandes Estados, destaca-se apenas no Rio Grande do Sul. Pior, tem uma desempenho pífio em São Paulo, com um máximo de 3%. Dividido entre quercistas e antiquercistas na discussão federal, nas sucessões estaduais o PMDB oferece hoje pouco ânimo para seus adeptos que apostam no atalho estadual para reforçar a candidatura presidencial do partido.
A pesquisa serve também para reforçar o cacife do PP nas negociações sobre coligação para suceder Itamar Franco. O partido lidera em Minas e Paraná. Já o PFL demonstra impressionante fragilidade nas regiões Sul e Sudeste.

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