São Paulo, domingo, 13 de março de 1994 |
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Capital privado controla a 10ª telefônica do país
ELVIRA LOBATO
nde 282 mil usuários do Triângulo Mineiro e municípios vizinhos, nos Estados de São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. Tem um custo médio de instalação de linhas 30% inferior ao das estatais e consegue ganhar dinheiro (lucrou US$ 5,7 milhões no ano passado) levando telefones até para povoados com menos de mil habitantes. A CTBC completa 40 anos de atividade este mês e se tornou uma referência na discussão sobre a quebra do monopólio estatal das telecomunicações. Seu desempenho derruba o principal argumento dos defensores do monopólio: o de que as empresas privadas só querem o "filé" do mercado (telefonia celular e transmissão de dados) e que deixarão o setor rural e a população de menor renda desatendidos. A empresa foi criada em l954 por um grupo de empresários da Associação Comercial de Uberlândia. Logo depois, os empresários se desinteressaram pelo negócio e o presidente da entidade, Alexandrino Garcia, fundador do grupo ABC Algar, assumiu a companhia. Aos poucos, ela foi se expandindo e plantou raízes em 22 municípios do norte de São Paulo (entre eles, Franca e Ituverava), 51 cidades de Minas, cinco de Goiás e duas do Mato Grosso do Sul. É a única telefônica com atuação em mais de um Estado. Sua área de atuação (102 mil Km2) abrange ainda 50 distritos, 167 povoados e 50 mil propriedades rurais que, segundo jargão das estatais, são o "osso" da telefonia. O diretor-superintendente da CTBC, Nelson Cascelli Reis, afirma que a empresa praticamente já atendeu toda a população da área capaz de pagar US$ 1.200 para aquisição de uma linha (preço nacional fixado pelo governo). Ele diz que esse preço não cobre o custo de implantação (US$ 1.500, em média), embora o da empresa seja menor do que o custo médio do Sistema Telebrás (cerca de US$ 2 mil). Pelos dados da CTBC, 13,3 em cada cem habitantes da região possuem telefone. É o dobro da média brasileira, de 6,7. A densidade de telefones na área de concessão da CTBC só fica abaixo da de Brasília (21,3 linhas por 100 habitantes). Embora seja considerado um índice alto para o Brasil, está muito aquém daqueles registrados nos países do Primeiro Mundo: 58,57 nos EUA, 70 na Suécia e 51,9 na França. Supera, no entanto, o da Argentina (11,17) e o da África do Sul (9,4). Embora esteja implantada em uma região rica (Uberlândia é hoje o maior centro atacadista do país e Franca, um grande centro produtor de calçados), a direção da empresa afirma que a CTBC tem a segunda menor receita média por linha instalada (US$ 28/mês contra cerca de US$ 40 do Sistema Telebrás) porque não atende nenhuma capital e grande parte dos assinantes é de baixa renda e usa pouco o aparelho. Segundo Cascelli, a rede de telefonia rural chega a 2.471 fazendas da região, o que dá uma cobertura média de 5% das propriedades rurais da área, contra uma média nacional de 1,2%. Para ser lucrativa e continuar investindo (os gastos com modernização da rede, este ano, estão previstos em US$ 23 milhões), a empresa mantém uma estrutura enxuta: tem 4,8 empregados por mil telefones instalados, quando no Sistema Telebrás, a média é de 7,8. Pelos critérios de aferição de qualidade dos serviços adotados pela Telebrás, a empresa é a 5ª melhor companhia telefônica do país e está na frente da Telesp (11ª colocada) e da Telerj (28ª). Ela só perde para as companhias telefônicas do Paraná (1ª colocada), Santa Catarina, Borda do Campo e Minas Gerais. A qualidade é medida pelos índices de reclamação sobre as contas emitidas, pedidos de conserto de aparelhos, rapidez de reparação e pelos índices de obtenção do tom de discar e de chamadas realizadas. Texto Anterior: Capital privado controla a 10ª telefônica do país Próximo Texto: Promoção quer ampliar vendas Índice |
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