São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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O que muda nos novos contratos

DA REDAÇÃO

A URV estréia para valer no próximo dia 15. Inaugurada pela conversão pela média dos salários, a segunda fase do Plano FHC só agora começa a fazer efeitos nos contratos que assinados a partir de terça-feira. Para as obrigações antigas continua valendo o ritmo lento das negociações entre as partes, que deve ser apressado pela proximidade da nova moeda, o real.
O grande jogo das próximas semanas será avaliar ganhos e perdas de permanecer com índices e periodicidade dos contratos velhos ou saltar para a URV, que corrige tudo mais rapidamente. O mercado de aluguéis anda tentando decifrar este enigma, onde há vantagens dos dois lados. Os locadores temem uma conversão compulsória pela média de seis meses na virada para o real e podem suavizá-la pulando antes para a URV. Os inquilinos temem que os donos de seus imóveis forcem a mudança dos contratos de locação pelo pico.
Para quem constrói imóveis e para quem quer comprá-los, mais dilemas. Novas obrigações ficam sem correção por um ano, mas é pouco provável que o país fique sem nenhuma inflação. Saber a magnitude dela significa a priori fazer apostas complicadas –se o plano dá certo e por quanto tempo. Da resposta do construtor depende a vida do comprador. Imóveis que já estão sendo colocados de pé podem apontar para o céu mais lentamente. A oferta pode se reduzir.
Após duas semanas de URV, a economia começa a dar sinais de acomodamento à nova situação. O governo espera que os negócios privados comecem a deslanchar com a portaria baixada na sexta-feira, que permite faturas, carnês de venda a prazo e duplicatas urvizadas. A portaria, de quebra, tirou um dos charmes do cartão de crédito –o preço da compra passa a ser corrigido até o pagamento.
Nas aplicações financeiras, prevalece o fantasma da chegada do real. Os investidores fizeram uma opção acertada pela liquidez no curto prazo (com opção preferencial pelo fundo de commodities). A poupança continua sendo boa aplicação pelas condições colaterais do plano: os juros continuam apontando para cima. As Bolsas esperam cenários mais claros. A semana pode começar com novidades –o Banco Central promete regulamentar aplicações em URV.

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sobre contratos e aplicações nas págs. 2-3 a 2-14

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