São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Profissional 'guerreia' por prêmios

JOSÉ VICENTE BERNARDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Profissional "guerreia" por prêmios
Empresas prometem recompensas 'inesquecíveis' para aumentar produtividade das equipes
Fazer um cruzeiro pelo Caribe, ver de perto o Brasil brilhar na Copa do Mundo, ganhar um carro 0 km... Desejos dignos de histórias de gênios e lâmpadas maravilhosas estão, cada vez mais, se tornando realidade pelas mãos de empresas interessadas em extrair de funcionários e parceiros o máximo de produtividade. Quem atinge suas metas é recompensado com prêmios "personalizados e inesquecíveis". Essa prática, conhecida como "marketing de incentivos", vem crescendo no país desde sua implantação, nos anos 80.
"Em 84, tínhamos uma dúzia de clientes. No ano passado, eram 982", diz Gilmar Pinto Caldeira, 41, diretor da Incentive House, empresa que detém 85% desse mercado no país. Em 93, segundo ele, cerca de 1 milhão de profissionais participaram dos programas elaborados por sua equipe.
O número estimado de participantes no país é bem maior. Empresas especializadas –cerca de 15– são responsáveis pela movimentação de US$ 100 milhões anuais. Considerando iniciativas "por conta própria" das organizações, a cifra sobe para US$ 2 bilhões –o número de participantes segue essa proporção. Os setores automobilístico e financeiro são os maiores consumidores, e as áreas de vendas e atendimento a clientes são os principais públicos-alvo.
"A verdadeira explosão dessa 'ferramenta' está para acontecer", diz Leonardo Kehdi Jr., 27, diretor de criação da In Brasil Incentivos. "Resta aos departamentos de recursos humanos convencer as altas esferas." "É um cruzamento das técnicas de marketing com as de RH", sintetiza Mário Campos Nascimento, 43, diretor de criação da Sight Comunicação Integrada, responsável pela implementação das campanhas de aumento de vendas no Banco Nacional, Walita e Vanderbergh –que reservou 18 carros 0 km aos melhores vendedores atacadistas do país. "O ganho de produtividade chega a 30%", diz Marcelo Epstejn, 30, superintendente de planejamento e controle na Credicard –que distribui viagens ao Caribe e prêmios a vendedores internos e externos.
Criatividade –as campanhas são comparadas a batalhas, corridas e jogos–, regras claras, boa comunicação interna e "generosidade" são itens a ser observados para que não se crie um clima de "guerra" real entre os funcionários. Injustiças, segredos e metas inatingíveis podem destruir o ambiente e a motivação dos envolvidos. Os prêmios devem ser dimensionados de acordo com os "sonhos" dos participantes, revelados em pesquisa prévia. Uma premiação superdimensionada pode intimidar, e recompensas "despersonalizados", como dinheiro, não deixam lembranças e com o tempo perdem o impacto.
"O ideal é que todos os que superem suas metas recebam prêmios semelhantes", diz Álvaro Guilherme dos Santos Sobrinho, 49, diretor de operações da De Simoni Promoções. Seus clientes distribuirão viagens à Copa do Mundo e ao campeonato mundial de Fórmula Indy. "Um deles costuma mandar mais de 200 pessoas por ano ao exterior."

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