São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Zinho diz que pode jogar mais 'aberto'

Jogador agradece ao técnico por sua liberdade tática

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O carioca Crizan César de Oliveira Júnior, 26, foi uma das mais felizes contratações do consórcio Palmeiras/Parmalat. Desde 1990 na equipe, ele se tornou ídolo, consolidou seu lugar na seleção de Carlos Alberto Parreira e é um dos comandantes da equipe que pretende chegar a Tóquio no final do ano. Zinho, ou o "motorZinho", como ele é chamado por Luxemburgo, diz em entrevista como é atuar num clássico em ano de Copa.(JHM)

Folha - Você e Rivaldo duelam pela primeira vez hoje por uma vaga na seleção?
Zinho - Não. Seleção é consequência do trabalho no clube. O Parreira sabe do potencial de cada um e cabe a ele decidir. Além do mais, meu trabalho é mais pelo meio. O Rivaldo joga mais como ponta.
Folha - O Palmeiras é o favorito para o clássico?
Zinho - Clássico não tem favorito. O Corinthians tem um espírito de equipe e um apoio da torcida enormes. O empate com o São Paulo é um exemplo.
Folha - O esquema de Parreira, com dois jogadores à frente, vai funcionar?
Zinho - Acho um bom esquema. Ninguém está mais jogando com três atacantes enfiados. A norma tem sido quatro no meio-campo. Para quem pensa que isso é retranca, nas eliminatórias fizemos 14 gols em 4 jogos e não levamos nenhum. Time que faz isso é retrancado?
Folha - Raí está nesses quatro do meio?
Zinho - Com certeza. Ele está sendo pressionado pela imprensa e a torcida, mas tem que ir. Ele foi o melhor do Brasil em 92, não foi para a Europa à toa.
Folha - Imprensa e torcida atrapalham?
Zinho - Não. Fazem seu papel. Só acho que depois da convocação da seleção, as críticas gratuitas têm que cessar. No final das eliminatórias, de certa forma, todos se uniram: seleção, imprensa e torcida. Vencemos. Isso precisa acontecer na Copa também. Se o Brasil ganhar a Copa, todos vão se dar bem. Nós, os jogadores, a comissão técnica, a imprensa e a torcida. Precisamos nos unir.
Folha - O Brasil vai ganhar a Copa?
Zinho - O Brasil só perde essa Copa para ele mesmo. Precisamos da tal corrente pra-frente, estarmos unidos.
Folha - O que você achou das declarações de Romário sobre Muller?
Zinho - Não sei se ele realmente falou isso. Se falou, cometeu um erro.
Folha - Este tipo de coisa já aconteceu no Palmeiras...
Zinho - Já superamos isso.
Folha - Muita gente diz que o Palmeiras vive de suas estrelas e o Luxemburgo estaria longe de comandá-las...
Zinho - Não é verdade. Sem ele, o Palmeiras afunda. Veja o que aconteceu contra o São Paulo. Nós não seguimos sua orientação em campo e acabamos perdendo. E, particularmente, sou muito amigo dele. Graças à sua visão, estou podendo jogar, com sucesso, mais aberto.
Folha - Você é considerado um dos jogadores mais equilibrados e regulares do país. A que você atribui isso?
Zinho - Procuro fazer meu trabalho direito. E, apesar de nunca me esquecer do Flamengo, achei no Palmeiras um ambiente ótimo. Sou amigo de todos, me adaptei muito bem a São Paulo. Nem nas folgas volto para o Rio.

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