São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Luxemburgo busca ponto de equilíbrio

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras entra em campo esta tarde como favorito diante do aguerrido Corinthians. Mas seu técnico, Wanderley Luxemburgo, precisa administrar mais do que este favoritismo. Necessita encontrar o ponto de equilíbrio de seu time, que disputa três torneios ao mesmo tempo, vai bem em todos, mas é capaz ainda de deslizes imperdoáveis. Como perder para o São Paulo, há duas semanas, ou cometer um primeiro tempo sofrível como fez contra o Santo André na sexta-feira.
Nas duas ocasiões, Luxemburgo berrou muito. Contra o time de Telê, não deu certo. Anteontem, sim. A equipe venceu por 2 a 0. "Apelei para seus brios. Para a tradição da camisa", afirmou o treinador após a partida, orgulhoso de sua atitude, no intervalo, ter dado resultado.
O fato é que essa mesma equipe goleou o Boca Juniors da Argentina, na quarta-feira, por incríveis 6 a 1, dando conta que a Libertadores e o Mundial são viáveis.
Como o próprio Luxemburgo afirmou, a agenda repleta pode explicar essas variações de comportamento da equipe. "Refresco para nós é concentração", disse o técnico. Após o jogo de sexta-feira, a equipe se manteve concentrada e iria fazer mais um treinamento na tarde de ontem. Mas os rostos dos jogadores no vestiário eram de resignação.
Cansada ou não, no entanto, a equipe do Palmeiras não pode se dar ao luxo de flutuar tanto. Hoje, por exemplo, tem a oportunidade de abrir quatro pontos sobre o adversário direto na luta pelo título paulista e adquirir uma folga valiosa, quando a Libertadores apertar.
E o adversário é o Corinthians, o mesmo que arrancou o empate do São Paulo no domingo passado. Como tem sido norma entre os jogadores das equipes grandes, os palmeirenses preferem jogar os clássicos. "É um jogo difícil, de tradição, mas preferível à retranca dos clubes de interior", confirma o lateral Roberto Carlos.
Ao contrário do São Paulo, que tem deixado pontos preciosos para os chamados pequenos, o Palmeiras tem se saído bem contra a tal retranca. A única derrota que teve até agora foi para o mesmo São Paulo. No outro clássico.
Para hoje, Luxemburgo deve contar com a volta de César Sampaio, o "destruidor", nas palavras do próprio técnico. Sua função de recuperar a bola na defesa e acionar Mazinho ou Zinho fez falta na sexta-feira, quando foi afastado por uma contusão no músculo adutor da coxa direita.
O colombiano Rincón mostrou, anteontem, que está sem ritmo de jogo. Atuou apenas no segundo tempo contra o Santo André, de forma apagada. Pode ficar no banco e, mais uma vez, ser acionado na etapa complementar. "Gostei muito do Amaral", disse Luxemburgo, admitindo que o jogador pode sair jogando hoje.
O atacante Edmundo, apesar de já estar fazendo treinamento de campo, ainda está sendo observado pelo departamento médico e sua participação foi descartada. Ele sofreu uma tendinite na coxa direita, que refletiu inflamação de um foco dentário.
Edílson continua em seu lugar. "Será um jogo muito importante para o Palmeiras. Precisamos tomar muito cuidado para que eles não tomem conta da partida, com o incentivo da torcida", afirmou o atacante baiano, preocupado com a força das arquibancadas.
Outro que dá importância ao fator torcida é Zinho. "É o chamado 12º jogador", disse o meia.
Para Rincón, torcida não ganha jogo. Perguntado sobre o que era um clássico entre Palmeiras e Corinthians, o colombiano desdenhou: "Apenas mais um jogo". Logo depois, Rincón inverteu os papéis e fez a mesma pergunta. "Uma guerra", respondeu o repórter. "Em campo são onze contra onze", retrucou. É seu primeiro Palmeiras x Corinthians.

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