São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Caso põe em dúvida posição de Hillary

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, está de novo no centro do debate nacional. Não foi por acaso que o promotor especial do caso Whitewater, Robert Fiske, resolveu começar a lista de depoimentos de assessores da Casa Branca suspeitos de terem tentado obstruir a Justiça com a chefe de gabinete e a assessora de imprensa de Hillary.
Embora até aqui nem Bill nem Hillary tenham sido acusados de nada ilegal, o envolvimento dela com o caso Whitewater é muito maior do que o dele. Ela se ocupava mais da construtora. Foi advogada de James McDougal, o sócio do casal na firma, e de outros amigos junto ao governo de Arkansas quando ele era governador, em indisfarçáveis episódios de conflito de interesses.
Bernard Nussbaum, o ex-assessor para assuntos legais da Casa Branca, de quem partiram várias ordens de ações que podem vir a ser consideradas como obstrução da Justiça, é o mentor intelectual de Hillary, seu amigo de 20 anos e foi seu chefe na equipe de advogados que em 1974 assessorou a Câmara no processo de impeachment contra Richard Nixon por causa do escândalo Watergate.
O caso Whitewater está revivendo a polêmica do início do governo Clinton sobre o poder da primeira-dama. Por lei, o presidente dos EUA está proibido de apontar a mulher para funções de governo. Mas Hillary, de maneira informal, está encarregada do planejamento e execução de alguns dos principais projetos da administração.
Hillary Clinton é, sem dúvida, uma das três pessoas mais poderosas dos EUA. Mas ela não foi eleita para nada e seu nome não foi submetido ao Senado, como os de todos os ministros e ocupantes de cargos de segundo escalão do governo. Ela não pode ser demitida pelo presidente nem o Congresso pode votar o seu impeachment.
Essa imunidade conferida à primeira-dama pelo vínculo matrimonial tem provocado indignação em políticos e analistas de diversas tendências ideológicas. Anthony Rosenthal, do }The New York Times, desafia: }Nomeie um acionista que toleraria a mulher de um executivo no comando de um escritório na fábrica, tomando decisões, só por ser a Sra. Executivo.
A irritação dos críticos tem crescido porque Hillary, ao contrário de Bill, não responde a perguntas sobre o caso Whitewater, evita contatos com jornalistas e observa a tormenta sobre a Casa Branca como se não fosse seu problema. Como aliados ostensivos agora, Hillary só conta com o marido e com líderes de entidades feministas, para quem ela é vítima de sexismo.(CELS)

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