São Paulo, domingo, 13 de março de 1994 |
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O PC de FHC
CARLOS HEITOR CONY RIO DE JANEIRO – A palavra que melhor define a atual situação das chamadas elites é "júbilo". Pretendiam fazer um candidato na pessoa de Paulo Maluf, mas há uma elite da esquerda e uma elite da direita: Maluf seria mal assimilado pela esquerda. Mesmo assim, preferiam fechar com Maluf a engolir a possibilidade de um governo petista. Justiça seja feita: o ministro da Fazenda viu a pista livre e, bem-equipado com o poder, partiu para ocupar a posição anti-Lula.Em torno dele, estão se reagrupando todas as forças que apoiaram Collor. A santa aliança está armada com um candidato santíssimo que não crê em Deus mas beijará as mãos do primeiro frei Damião que aparecer na campanha: é o vale-tudo eleitoral. A frente não precisa de um novo PC. O tesoureiro da campanha de Collor foi indispensável para armar o esquema de um candidato que era desconhecido em escala nacional. A aflição da turma era tão dramática que ninguém percebeu a exploração. E quando percebeu, como o bom cabrito, preferiu não berrar. FHC não precisa de um PC. Em certo sentido, ele será o arrecadador da própria campanha e não fará muita força: como ministro da Fazenda já pagou o preço da túnica que vestirá. Os grandes contribuintes que quebraram a cara com o apoio dado a Collor se consideram recompensados: tiveram e terão ainda tempo indeterminado para reajustar preços até a implantação definitiva da URV. E mesmo depois continuarão tranquilos sabendo que Lula não chegará ao poder para fazer duas ações que as elites desaprovam: estuprar freiras e comer criacinhas. A confiabilidade no ministro é total. Ele ameaça prender os especuladores – tal como Collor. Alega que soube dos aumentos nas tarifas de energia elétrica pelos jornais –mas quem mandou demitir o culpado não foi ele. Remédios e alguns ítens da cesta básica já estão subindo pela URV –a realidade desmente diariamente o ministro-candidato. Mas tudo bem: no festivo carro que transporta as elites, o estepe de Collor está calibrado e em condições de substituir o pneu que furou. Texto Anterior: Adivinhe quem veio tomar café Próximo Texto: O DILEMA DO MINISTRO; OS AMORES DE JORGE; A CAUTELA ENTRA EM CAMPO Índice |
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