São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Ser melhor

Desde que o "boom" de crescimento econômico do pós-guerra começou a esgotar-se, nos anos 70, empresas e países passaram a buscar novas estratégias de desenvolvimento. No início foi o choque do petróleo, exigindo nova mentalidade e estratégias de racionalização energética. Depois veio a crise da dívida, interrompendo de modo dramático o percurso de várias economias em desenvolvimento. Mais recentemente, com o fim da Guerra Fria e o redimensionamento das fronteiras, percebeu-se que mesmo no Primeiro Mundo era preciso questionar os velhos modelos, voltados para a corrida armamentista.
São 20 anos de aprendizado, numa crise que ainda não terminou. Uma lição, entretanto, já se tornou clara e indiscutível, indispensável mesmo, em todos os países. Em economias que crescem menos, dependem menos do Estado, são mais abertas e já não contam com o guarda-chuva dos grandes projetos militares, nesse mundo, a conquista dos mercados consumidores ganhou novas dimensões e apresenta desafios que podem ser resumidos numa palavra: qualidade.
Atenta a essas mudanças de longo alcance, a Folha inicia hoje a publicação, em conjunto com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) uma série de fascículos sobre "Qualidade Total". O próprio Sebrae constatou em pesquisa que 79% dos empresários de menor porte têm interesse em conhecer processos que aumentem a qualidade de produtos e de serviços. E não é segredo que o acesso desse tipo de empresário aos métodos e técnicas da qualidade total é mais difícil.
Observando-se o cenário internacional, entretanto, percebe-se que parte fundamental da revolução da qualidade total tem como origem precisamente o aperfeiçoamento produtivo, gerencial e tecnológico nas micro e pequenas empresas. Assim tem sido nos casos de reestruturação bem-sucedida no Japão, na Itália e nos Estados Unidos. Assim deverá ser também no Brasil.

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