São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Linha certa

Certas idéias tolas são repetidas tantas vezes que acabam como que ganhando estatuto de verdade inconteste e imutável. Uma delas, que felizmente parece já ter sido superada, foi a de que o setor de telefonia deveria ser monopólio do Estado porque a iniciativa privada só se interessaria por aqueles segmentos mais atrativos do mercado, deixando de atender adequadamente à população mais carente.
Não é um conceito correto, como mostra reportagem sobre a Companhia de Telefones do Brasil Central (CTBC) publicada hoje por esta Folha. A CTBC, ainda que única, sobreviveu como companhia telefônica privada no Brasil. Não apenas presta os mesmos serviços que as estatais, como ainda o faz de maneira muito mais eficiente.
O custo médio de instalação de um aparelho é de US$ 2.000 no Sistema Telebrás. Já para a CTBC, cada aparelho sai por aproximadamente US$ 1.500. A empresa, que é a quinta colocada no país no quesito qualidade aferido pela Telebrás, trabalha com 4,8 funcionários por mil telefones. Nas estatais, a média é de 7,8. A empresa não atende a nenhuma capital –regiões mais lucrativas do mercado– e, por isso, tem uma receita média por linha instalada muito baixa, US$ 28, contra um índice de US$ 40 do Sistema Telebrás. Ainda assim, ela dá lucro.
A existência mesma da CTBC é uma prova concreta de que o monopólio do Estado no segmento de telefonia –bem como em diversos outros setores hoje equivocadamente dominados pelo poder público– deve ser quebrado, proporcionando melhores serviços para o conjunto da população.
A necessidade de sobreviver em um ambiente competitivo é o melhor incentivo à eficiência que o homem jamais encontrou. E eficiência no serviço público significa que o dinheiro de cada um de nós não vai ser gasto para financiar os privilégios de alguns poucos em detrimento de muitos.

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