São Paulo, domingo, 13 de março de 1994
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Armarinho se sofistica e vai para shoppings

CLÁUDIA RIBEIRO MESQUITA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Armarinhos –aquelas lojas de miudezas, repletas de produtos para costura– podem ser boa alternativa de negócio para quem se mantém atualizado sobre moda e sabe "cultivar" clientes. O retorno para o investimento –para começar, são necessários cerca de US$ 30 mil– chega em médio prazo. Nessa área, o sucesso também está na diversificação de produtos e de serviços.
Renato Debellis, 38, um dos proprietários da filial do Rei dos Aviamentos no shopping Iguatemi, diz que fatura US$ 5.000 por mês, com um lucro em torno de 20%. Segundo ele, se a idéia for vender apenas aviamentos a melhor opção é ir para um shopping. Esse público, afirma, exige sempre produtos de primeira qualidade. Os kits de costura em ponto cruz, a nova coqueluche de seus clientes, são responsáveis por 30% de suas vendas.
"Num shopping há um fluxo intenso de pessoas, condição fundamental para o sucesso de um armarinho", afirma José Mancuso Sobrinho, 48, consultor financeiro do Sebrae SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). O grande número de clientes, de acordo com Mancuso, é o que torna a atividade trabalhosa. A loja de Debellis, inaugurada há 12 anos, atende uma média de cem pessoas por dia. "Há dez anos tínhamos cerca de 400 clientes", lamenta-se. Além disso, é necessário administrar o estoque. Ele deve ser bastante diversificado e precisa estar em constante reposição.
"A miudeza faz com que o lucro por peça seja pequeno", afirma Ana Maria Buairide, 38, consultora de marketing do Sebrae SP. Por isso, segundo ela, para provocar vendas de maior expressão é importante estar atento às últimas novidades da moda e agregar serviços ao negócio, como divulgar receitas e manter cursos de costura. "É interessante resgatar o antigo conceito de lojinha, um ponto de encontro onde se podem obter dicas da área", diz Buairide.
No ramo dos armarinhos, a interação com o cliente é primordial. "Os meus clientes são conhecidos, pedem sugestões, e quem compra uma agulha merece a mesma atenção que a pessoa que leva um número maior de peças", afirma a fisioterapeuta Marli Viotti, uma das sócias do armarinho Botões e Cia., no shopping Jardim Sul. Ela e a ex-secretária Solange Gaspar abriram a loja há um ano e faturam, em média, US$ 3.000 por mês. "O principal é comprar na hora certa, saber o que o cliente quer e dar atenção a ele", aconselha Marli.
Reformas de roupas e aplicação de monogramas engordam o orçamento em mais US$ 2.000. "O carro-chefe da nossa loja são os botões e os consertos", conta Marli. Além disso, para atrair o público do shopping, cerca de 50% dos 6.000 itens que elas oferecem são importados. A apresentação das instalações da Botões e Cia. também exerce um papel importante. O investimento para criar luxuosas vitrines, ao estilo das joalherias, foi de US$ 40 mil. Outros US$ 30 mil foram investidos na formação do estoque.

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