São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tucanos estão mais próximos do PFL

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento feito pela Folha junto à bancada do PSDB no Congresso mostra que o partido está hoje muito mais próximo de firmar uma aliança com o PFL de Antônio Carlos Magalhães do que com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva. Somando-se os tucanos que apóiam a aliança (24,1%) aos que acreditam que a união depende de negociações (24,1%) obtém-se o percentual de 44,2% de parlamentares que admitem o entendimento entre as duas legendas. Foram ouvidos 54 dos 59 congressistas do PSDB.
No caso do PT, a situação se complica. Para 42,6% dos parlamentares tucanos, uma aliança com o PT dependeria da boa vontade de Lula em aceitar a condição de vice, numa chapa encabeçada por Fernando Henrique. De resto, os tucanos condicionam o entendimento com Lula à aceitação pelo PT de diversas teses liberalizantes na área econômica, entre elas a continuidade do plano FHC.
A maioria absoluta do PSDB (64,9%) acha que FHC deve deixar o Ministério da Fazenda até 2 de abril, para mergulhar na campanha presidencial. Apenas 12,9% dos tucanos são favoráveis à permanência no governo. Outros 16,6% disseram que a decisão é exclusiva do ministro. Apenas 5,6% não têm opinião.
A bancada do PSDB não considera a hipótese de permanência de Fernando Henrique no ministério. "Se ele não quiser sair, nós o arrancamos de lá à força", diz o deputado Maurílio Ferreira Lima (PE), repetindo frase do presidente do PSDB, Tasso Jereissati.
A idéia de rebaixamento de Lula à condição de vice de Fernando Henrique é considerada absurda pelos petistas. Dentro do próprio PSDB, 22,9% dos parlamentares ouvidos consideram "impossível" que o PT aceite essas condições. Outros 14,9% consideram o entendimento "difícil".
Mesmo em relação ao PFL, a proposta de aliança está longe de unificar o partido. Para 31,4% dos parlamentares tucanos, é "impossível" que o partido venha a se acertar com o PFL. A maior resistência é dos parlamentares da Bahia, que consideram o diálogo com Antônio Carlos Magalhães "imoral e indecente". Tasso Jereissati é entusiasta do entendimento com o PFL e o próprio Fernando Henrique não exclui essa hipótese.
Os números levantados expõem o dilema dos tucanos. Embora ideologicamente mais próximos do PT, as conveniências eleitorais os aproximam do conservador PFL. Mesmo os críticos ferrenhos do entendimento com o PFL reconhecem que o partido de ACM tem hoje uma das melhores estruturas partidárias do país. Há um segundo dilema: as negociações com o PFL afastam de Fernando Henrique os dissidentes do PMDB, que se opõem à candidatura de Orestes Quércia. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), por exemplo, não quer nem ouvir falar em PFL.
Namoro com o PTB
As resistências tucanas diminuem diante da possível dobradinha de Fernando Henrique com Hélio Garcia (PTB), governador de Minas Gerais –chapa defendida por Itamar Franco. Como essa alternativa de composição surgiu depois do levantamento da Folha, não há dados seguros sobre o pensamento da bancada.
"Como coletivo, o PTB pode até ser ruim, mas é um partido com uma marca histórica", avalia Mário Covas. A atração de Garcia para a chapa reforçaria a posição do candidato em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país. A idéia é vista com entusiasmo por Fernando Henrique: "É um excelente nome", disse.

Texto Anterior: Fleury afirma que os resultados de pesquisa são "animadores"
Próximo Texto: Covas admite aliança em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.