São Paulo, segunda-feira, 14 de março de 1994
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Ficarão sem hospital 7 milhões, prevê ministério

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A prevenção à Aids é apenas uma das áreas atingidas pelo corte no orçamento da Saúde. "O empréstimo do Banco Mundial e todo o programa de Aids está ameaçado. Com a explosão da epidemia, o sistema de Saúde entrará em colapso", disse Lair Guerra, responsável pelo programa de Aids do Ministério da Saúde. O ministério não chegou ao requinte de calcular o número de mortes que isso provocará, mas fez uma longa lista das perdas e danos.
"Todas as áreas da Saúde serão prejudicadas", disse o ministro Henrique Santillo. Segundo cálculos de sua equipe, 7 milhões de pessoas que precisam ser internadas não terão acesso aos hospitais. Outras 225 milhões de consultas deixarão de ser feitas.
O programa de Alimentação e Nutrição deixará de fornecer leite a 2,28 milhões de crianças de até 5 anos; 435 mil gestantes também ficarão de fora. O ministério estima que 2,8 milhões de crianças não receberão as vacinas BCG, Tríplice, anti-Sarampo e Sabin. Outras 12,6 milhões não receberão a segunda dose da Sabin.
O ministério também prevê aumento no número de casos e de mortes por febre amarela, dengue, doença de Chagas e malária. Estima que ocorrerão 26,3 mortes a mais para cada mil casos de cólera no Brasil.
Com menos investimentos em prevenção e a redução na cobertura de vacinas, o número de doentes aumentará. Os serviços, equipes e equipamentos, no entanto, ficarão estagnados ou sofrerão cortes.
Com o corte do orçamento, o ministério acredita que terá de adiar –entre outros projetos– a implantação de 500 ambulatórios de alta resolução previstos para as regiões metropolitanas. O mesmo acontecerá com mil laboratórios de patologia clínica previstos para cidades de médio porte.
O ministro acredita que o Congresso poderá reverter essa situação. "Estamos nos esforçando para isso", afirmou.(AB)

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