São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Lágrimas

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Para tanto suspense, que durou uma hora de programa, bem que Hebe Camargo podia ter carregado mais no verbo. Mas não deixou de ter a sua emoção a defesa que a apresentadora fez ontem, contra as ameaças de processo de Humberto Lucena e Inocêncio Oliveira. Se não pelas palavras, então pelo choro. Nada impressiona mais.
Quanto ao que Hebe falou, foi até contida demais. Dizer que a sua "indignação não é contra a instituição" mas contra uns poucos "gazeteiros" não traz nada de novo. Confirmar sua fé na democracia e no Congresso também não chega a ser explosivo. Mas as lágrimas marcaram, sem dúvida, enquanto Hebe dizia, gaguejando: "Falam em me processar. Estão loucos para me processar."
Dá até para temer, agora, pela dupla do Congresso.
Média
O petista Paulo Paim, que tanto lutou pelo reajuste mensal, ficou sem ter o que falar, quando veio o Plano FHC. Tudo o que fazia então era ficar ruminando, desencontradamente, tentando não elogiar o programa nos telejornais. Ontem, ele finalmente parou de ruminar. E começou a sorrir com ironia. Foi o que fez em dois telejornais. No primeiro, o TJ Brasil, parecia estar fazendo uma piada: "Isso aí é a média do pensamento que a gente conseguiu entre parlamentares e sindicalistas." Estava se referindo –com o trocadilho sobre a média dos salários– ao acordo da comissão de salários, que quer todos os rendimentos corrigidos pelo pico.
Para quem questionou o óbvio populismo da medida –para não falar da sua irresponsabilidade– Paim devolveu um outro sorriso de ironia. Foi no Jornal Bandeirantes, com outra frase de pouco caso: "Eu não quero entrar numa discussão de pico e média." É uma discussão que não bate com a sua prioridade, agora.
Dinheiro sujo
O desembargador Carlos Amorim, que foi a Roma espalhar boatos sobre o "dinheiro sujo" que estaria alimentando um partido daqui, sem dar o nome do PT, mas quase, retornou falando no tom que era esperado dele. Sem dar bola para a preocupação do Tribunal Superior Eleitoral, ele saiu-se com esta, no Jornal Nacional: "Foi um mal-entendido. Agora, eu não tenho que dar justificativa."

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