São Paulo, terça-feira, 15 de março de 1994
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Negociação com fornecedores está confusa

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas vésperas da implantação compulsória da URV (Unidade Real de Valor) para contratos a prazo, as negociações entre indústria e comércio viraram uma grande confusão. Os empresários não sabem qual taxa de juros praticar nas vendas financiadas com base no novo indexador. Eles esperam sinalização dos bancos. Também têm dúvidas para "urvizar" os preços porque ainda desconhecem qual será a prática dos seus fornecedores –conversão em URV pela média dos quatro últimos meses de 1993 ou pelo último preço negociado.
Ontem, boa parte dos lojistas tentou negociar com seus fornecedores descontos de 48% nos preços a prazo (30 dias) de fevereiro para a conversão em URV. O comércio alega que esta era a taxa de juros nominal mensal praticada pelas empresas no mês passado. A indústria argumenta que o desconto pode chegar a 40% ou um pouco mais, pois a taxa real de juros correspondeu de 4% a 8% em fevereiro. "Está havendo um grande tiroteio", diz Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo.
A indústria de higiene e limpeza tentou ontem converter preços dos seus produtos em cruzeiros reais para URV junto com os seus fornecedores. "Nós vamos tomar como base a média de preços dos últimos quatro meses do ano passado", afirma José João Locoselli, presidente da associação que reúne as empresas do setor.
"Mas está uma verdadeira bagunça. Ninguém quer perder na conversão", diz Locoselli. Para Gilberto Galan, vice-presidente de relações externas da Kodak, as negociações com fornecedores e clientes estão emperradas por causa dos bancos.
Michael Klein, diretor da Casas Bahia, informa que não vai comprar da indústria até o final do mês, até que o mercado se adapte ao novo indexador e os bancos definam qual será a taxa de juros praticada nos contratos em URV. Segundo ele, a Casas Bahia vai tentar negociar com a indústria tomando-se como base os preços, em dólar, praticados por ela no mês passado.
Klein estava ontem bem confuso. "Entendo que o cruzeiro real precisa ser usado até a criação da nova moeda –o real. Isso significa que vou ter que trabalhar com duas moedas. Será uma grande confusão."
Girsz Aronson, diretor da G. Aronson, informa que a indústria está "evitando" fechar negócio com a empresa. "Os nossos fornecedores ainda não mostraram as suas tabelas em URV."

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