São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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FHC exige fazer sucessor para se candidatar

SÔNIA MOSSRI; TALES FARIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, ameaça não concorrer à Presidência da República se não forem cumpridas o que tem chamado de "pré-condições" para deixar o cargo até próximo dia 2 abril. FHC entende como "pré-condições": garantias de que ele irá fazer seu sucessor no ministério, de que não sofrerá ataques "pessoais" durante a campanha da parcela do PSDB contrária à aliança com o PFL, e o apoio do FMI (Fundo Monetário Internacional) a seu plano.
O ministro disse ontem a pelo menos três interlocutores que só deixará o cargo se tiver "certeza" de que, mesmo com sua saída, o plano de estabilização econômica dará certo. Ele se disse "preocupado" com um comentário que ouviu anteontem da economista Maria da Conceição Tavares, segundo o qual caso ele deixe o cargo e o plano venha a fracassar, ele será responsabilizado por "dois erros": a derrota eleitoral e a volta da inflação.
"O ministro está preocupado com que sua saída não resulte em dificuldades para a execução do plano e para sua articulação no Congresso", disse o líder do PSDB na Câmara, José Serra (SP). "Em todas as suas conversas, FHC se mostra apreensivo com a administração do plano no caso de sua saída", afirma o deputado Sérgio Machado (PSDB-CE), outro dos que costumam conversar com o ministro.
Em outras palavras, FHC acha que seu plano terá uma administração "ideal" caso o comando do Ministério da Fazenda seja entregue ao presidente do Banco Central, Pedro Malan. Seu assessor especial, Edmar Bacha, que chegou a ser cotado para o cargo, também defende que Malan seja o substituto de FHC.
O ministro diz sentir "simpatia pessoal" por Rubem Ricúpero, ministro do Meio Ambiente, mas ele não é seu predileto. Ricúpero conta com o apoio dos assessores mais próximos de Itamar, no Palácio do Planalto. Mas já está sendo articulado um movimento, comandado por Pedro Simon (PMDB-RS), líder do governo no Senado, para que ele não aceite o cargo caso Itamar o convide.
A avaliação dos articuladores políticos governistas é que o substituto de FHC tem que ter total sintonia com o atual ministro. Depois de deixar o cargo, FHC passaria a comandar as articulações envolvendo o plano no Congresso. Para isso terá que ter certo comando sobre decisões técnicas do plano, assim como condições de interferir em possíveis atritos entre o presidente Itamar Franco e a área econômica.

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