São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Negociação emperra no setor de hortifrútis

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Produtores de hortifrútis, atacadistas e supermercados não chegaram um acordo quanto ao uso da URV nas vendas a prazo. O alvo da discussão é a taxa de juros nominal. Produtores e atacadistas dizem que vendem para pagamento em 20 dias pelo preço à vista do dia, que oscila de acordo com a oferta e procura. Eles dizem que não embutem juros no valor até a data do recebimento.
Os supermercados e varejões aceitam comprar a prazo em URV, desde que a cotação seja deflacionada por uma taxa em torno 48%. Resultado: as negociações entre as partes estão semi-paralisadas, diz Claudio Ambrósio, presidente do Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento no Estado de São Paulo. Segundo ele, alguns negócios foram fechados em URV. "Junto com os produtores, estamos recomendando que as vendas sejam para pagamento à vista ou em 20 dias pela URV."
Os supermercados confirmam que as negociações só não pararam de uma vez porque os produtos são perecíveis. Para Omar Assaf, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), não tem lógica o argumento dos produtores e atacadistas. "Ninguém vende a prazo sem embutir um expectativa de inflação", diz.
Para a Apas, a negociação desse segmento será uma das últimas a ser acertada. O representante dos atacadistas discorda. "Os hortifrútis são o chamariz de vendas dos supermercados", diz Ambrósio.
Enquanto a produção e o comércio travam queda-de-braço, nas feiras livres a URV é uma ilustre desconhecida. A dona de casa Cristina Miguel, 39, que ontem estava na feira em Perdizes, zona oeste, ainda não fez as contas de quanto ia gastar em URV. "'Com uma URV não dá para comprar uma dúzia de banana maçã (CR$ 1.000,00)." Mas na barraca ao lado, conseguiu fechar um bom negócio: comprou quatro goiabas por CR$ 500,00, menos de uma URV.

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