São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Prost decide não disputar o Mundial de F-1 deste ano

FLAVIO GOMES
DA REPORTAGEM LOCAL*

Alain Prost não vai disputar o Mundial de Fórmula 1 deste ano. O piloto francês declarou ontem em Paris que decidiu manter a aposentadoria anunciada no final de setembro de 93, no Estoril. Os testes que fez com a McLaren na semana passada, em Portugal, não entusiasmaram o tetracampeão. Sua recusa em correr pode ser traduzida por "o novo carro da McLaren é uma bomba que não vai ganhar nada este ano".
As justificativas oficiais foram outras. Alain disse que preferiu optar pela vida tranquila em família em vez de voltar à roda-viva da F-1. Falou também que os testes foram muito importantes para não tomar uma decisão da qual se arrependeria depois.
Para agradar o amigo Ron Dennis, dono da equipe –Prost foi campeão mundial três vezes pela McLaren–, o piloto fez questão de deixar uma porta aberta. "Eu percebi nestes dias que o que gosto mesmo é de dirigir, dos testes, de guiar com liberdade, sem pressões ou preocupações com o rendimento", garantiu. Também traduzindo, Alain se colocou à disposição da equipe para desenvolver o motor Peugeot, que até agora não deu sinais de competitividade.
Agora a McLaren deve antecipar o anúncio do companheiro de Mika Hakkinen no time. São dois os candidatos: o inglês Martin Brundle e o francês Philippe Alliot. Ambos são pilotos experientes, com currículos extensos, mas pouco vitoriosos.
Brundle, 34, correu 115 GPs, nunca ganhou nada, não fez poles e nem melhores voltas. Soma 67 pontos numa carreira que começou em 84 com passagens pela Tyrrell, Zakspeed, Williams, Brabham, Benetton e Ligier. Alliot, 39, também estreou em 84, disputou 107 corridas e fez míseros sete pontos pela RAM, Ligier, Lola e Larrousse. No ano passado esteve para ser contratado pela Ferrari como piloto de testes, mas acabou não acertando com o italianos.
Prost deixa a F-1 como o maior vencedor da história, dono de um cartel irrepreensível. Foram 199 GPs, com recordes de vitórias (51), melhores voltas (41) e pontos acumulados (798,5). Fez 33 poles e só perde para Ayrton Senna, que tem 62. Ganhou quatro campeonatos, em 85, 86, 89 e 93, e foi vice em outros quatro –83, 84, 88 e 90, o último pela Ferrari.
A decisão de parar de correr foi tomada em função da contratação de Senna pela Williams, equipe pela qual conquistou o último título e que ainda é dona de seu passe.

* Com as agências internacionais

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