São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 1994
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Ferrara retrata submundo

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: O Rei de Nova York
Produção: EUA, 1990, 103 min.
Direção: Abel Ferrara
Canal: SBT, 22h30

É uma noite dedicada à nobreza. Na Globo entra "Rainha Christina" (à 1h). No SBT, "O Rei de Nova York". São dois reinados diversos, já que o rei de Abel Ferrara é um bandido disposto a recuperar os territórios de tráfico.
Ferrara prepara-se para virar o diretor da moda. Seu "Vício Frenético" (1990) está para entrar em cartaz. Depois disso fez "Dangerous Game", com Madonna. É um dos cineastas que vieram na onda de filmes de violência, registro que domina com perfeição, apesar da irregularidade dos resultados.
Seu domínio preferido é este mesmo: o submundo de Nova York, seus tipos, as situações repulsivas em que se vêem envolvidos. Não é apenas a constatação do mal que seduz esse diretor, mas a de um mundo do qual Deus se ausentou. É a tradição de certo catolicismo cinematográfico, mas é também um cinema típico dos anos 90, em que a destrutividade dá o tom.
Bem outro é o registro de "Rainha Christina", do refinado Ruben Mamoulian. Um filme feito para o brilho de Greta Garbo, emanação perfeita do olhar que Hollywood tinha em relação às mulheres, nos anos 30.
Christina, rainha da Suécia, apaixona-se pelo embaixador espanhol. Por amor a ele, será capaz de renunciar a seu trono. Ou seja: para uma mulher, o amor é muito mais importante que o poder. A rigor, não importa muito: cena por cena, Greta dá majestade à monarquia; Mamoulian faz um filme à altura de sua atriz. (Inácio Araujo)

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